A polícia do Peru reprimiu com gás lacrimogêneo um grupo de manifestantes que bloqueou na quinta-feira (25) uma ferrovia que liga o local inca de Machu Picchu à cidade de Ollantaytambo, em protesto contra a privatização das entradas para o sítio arqueológico.
O protesto havia começado ao meio-dia, mas desde a última quinta-feira, organizações sociais convocaram uma greve indefinida que acabou sendo apoiada pelo próprio prefeito do distrito de Machupicchu, Elvis La Torre Uñaccori, que declarou que com isso pretendem “defender a não privatização dos rendimentos”.
Os manifestantes denunciaram que a polícia disparou contra eles à queima-roupa, resultando em vários feridos por contusões cranianas e um por tiros das forças de segurança. Embora os manifestantes tenham solicitado a presença da Ouvidoria do Povo, o órgão em questão não respondeu à chamada.
#Perú Esta noche la policía arremetió contra los manifestantes que protestaban en las líneas del tren a Machu Picchu, hay varios heridos incluso una persona a la que le cayó una granada lacrimógena en la cabeza #Cusco #Joinnus pic.twitter.com/fwFBpi9Dx2
— JAIME HERRERA (@JaimeHerreraCaj) January 26, 2024
A congressista e ex-ministra da Cultura, Silvana Robles, exigiu o “cessar imediato da repressão policial contra a população”, afirmando que eles têm “todo o direito” de exigir a anulação do “contrato irregular” do Ministério da Cultura com a empresa Joinnus para a venda de ingressos para a cidadela Patrimônio da Humanidade.
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Por fim, a ministra da Cultura do Peru, Leslie Urteaga, reconheceu a necessidade de “ter uma plataforma que seja do Estado peruano e seja sustentável para todos os sítios arqueológicos”, mas considerou que era hora de uma mudança.
Solidaridad con nuestros hermanos de Cusco-Machu Pichu, que realizan sus manifestaciones pacíficas, rechazamos la represión ejercida por la PNP. #Interpelación @MinCulturaPe, https://t.co/FYeMVlctzo
— kelly portalatino (@kellyportalati2) January 26, 2024
“Precisamos renovar a plataforma”, disse Urteaga, que afirmou que Joinnus não foi a única a buscar a licitação, mas sim a que “oferece o menor preço”. Portanto, descartou que se tratasse de uma contratação direta, sem concurso, produto de um ato de corrupção.
Entre as exigências do grupo, Machu Picchu quer cancelar o contrato de adjudicação que permite à Joinnus trabalhar e lucrar com a venda de ingressos, bem como a destituição da ministra da Cultura por danos e prejuízos causados à llaqta (que permite apenas a visitação nas ruínas da cidade). Eles também exigem a ratificação da suspensão da construção do centro de interpretação virtual em Puente Ruinas.
Para eles, em vez de promover a interpretação e indução de maneira virtual, busca-se garantir a venda presencial, bem como a distribuição racional e harmoniosa aos visitantes do Santuário Machu Picchu.