No dia em que se completaram três anos do derramamento de esgoto da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), que destruiu as casas de dezenas na região da Lagoa da Conceição, em Florianópolis (SC), pessoas atingidas e outras, solidárias à luta, se reuniram para cobrar reparações dignas e ações preventivas que evitem novos episódios semelhantes.
O encontro, na tarde de quinta-feira (25), teve intervenções artísticas e mobilização política, com representantes de diferentes organizações, como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o programa Ecoando Sustentabilidade, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e o Instituto Sueco-Brasileiro de Economia Circular e Desenvolvimento Sustentável (Isbe).
O ato marcou também uma homenagem a Vera Barth, que foi moradora da área. Uma das líderes da mobilização das pessoas atingidas, ela morreu em 2021, vítima de complicações da covid-19. O memorial VERA (sigla para "Valorização Ecológica Restauração Ambiental"), ganhou o plantio de mudas de plantas nativas da região.
"O ato reenergizou todos aqueles que estão na luta há muito tempo, e a gente sabe que essa luta é bastante desgastante. As pessoas estão combinando de se reunir para montar um calendário de ações que envolva reuniões periódicas e construções de grupos de trabalho para dar encaminhamento a algumas demandas que já existem", resumiu Thaliny Moraes, uma das pessoas impactadas pelo rompimento.
O crime
Eram 6 da manhã do dia 25 de janeiro de 2021 quando dezenas de famílias do bairro Lagoa da Conceição, em Florianópolis, foram acordadas em meio a um mar de esgoto que destruiu suas casas. O rompimento de uma lagoa artificial da Estação de Tratamento de Esgotos da Lagoa da Conceição (ETE), gerida pela Casan, despejou mais de 130 milhões de litros de matéria orgânica.
As famílias cobram informações e prazos sobre a conclusão das obras de uma barragem que está sendo construída no local. Moradores da Servidão Manoel Luiz Duarte, que estão entre os mais impactados pelo rompimento, querem respostas do poder público e atenção da imprensa para os impactos físicos e psicológicos, que perduram até hoje.
Outro lado
Ao Brasil de Fato, a assessoria de imprensa da Casan afirmou que todas as pessoas envolvidas foram indenizadas, em um valor total de cerca de R$ 10,2 milhões de reais, divididos entre 78 pessoas. A empresa informou ainda que mantém contato direto com moradores da região para compartilhamento de informações sobre a situação atual da lagoa.
A companhia disse que realiza ajustes em projeto de recuperação da área degradada, após solicitações da Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram), e que os trabalhos serão iniciados tão logo haja autorização. Estão previstas a retirada de estruturas que possam prejudicar a recuperação da vegetação, retirada de espécies exóticas e promoção da cobertura vegetal nativa, entre outras atividades.
Ainda de acordo com a Casan, já foram feitas adaptações na estação de tratamento de esgoto para garantir melhorias no padrão de qualidade, além de um muro verde de contenção no local onde houve o rompimento.
"Desde janeiro de 2022 a Casan desenvolve um conjunto de ações para maior segurança para a população que vive próxima à Lagoa da Conceição e também para a cidade como um todo. A limpeza da lagoa, a construção do Muro Verde e a mudança no sistema de tratamento garantem mais qualidade ambiental para a região, além de trazer maior confiabilidade para todo o sistema", disse a gerente de Meio Ambiente da empresa, Andreia Senna.
Edição: Matheus Alves de Almeida