Morreu nesta segunda-feira, (29), em Brasília aos 84 anos o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto. Um dos mais importantes de sua geração, ele foi um dos protagonistas da formulação e execução da política externa que mudou a projeção do Brasil no cenário internacional durante os dois primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Dentre os cargos que ocupou, está o de ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República no segundo mandato de Lula e o de secretário-geral do Itamaraty na gestão de Celso Amorim. Também chefiou o Departamento Econômico do Itamaraty, foi diretor do Instituto de Pesquisas em Relações Internacionais (IPRI) e ocupou a vice-presidência da Embrafilme, posto que deixou após a repercussão do lançamento do filme Pra Frente Brasil, de 1982, que retratava a tortura na ditadura militar.
A morte foi lamentada pelo Itamaraty, por Lula e diversos políticos e lideranças sociais, que destacaram o papel de Guimarães na defesa dos interesses nacionais.
"Ao longo da vida defendeu o desenvolvimento, a democracia e as causas populares, resistindo a diversas tentativas de interferência externa no nosso país e atuando para uma política externa ativa e altiva, na promoção dos interesses e da soberania brasileira", afirmou o presidente Lula em nota na qual ele também manifestou seus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos, alunos e colegas de Samuel Pinheiro.
'Grande lutador'
Já o Itamaraty registrou que ele foi "um dos mais destacados diplomatas de sua geração". "Como diplomata e intelectual, construiu uma ampla reflexão sobre o desenvolvimento e inserção internacional do Brasil. Destacou-se na formulação de políticas de integração regional, em especial do projeto do Mercosul, e na defesa da importância estratégica da relação com a Argentina", diz a nota divulgada pela pasta.
Na nota, a pasta ainda afirma que o atual ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, era amigo pessoal de Samuel Pinheiro Guimarães. "Além de lamentar profundamente a perda do amigo, o Vieira, em nome do Itamaraty, expressa à família, e aos muitos amigos e amigas do Embaixador Samuel as mais sentidas condolências", diz o texto.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também lamentou a morte em seu perfil oficial no X: "Seu conhecimento do Brasil e da geopolítica mundial esteve sempre a serviço da afirmação de nossa soberania, da construção de uma América Latina integrada e do diálogo entre povos e nações no rumo de uma ordem mundial democrática e justa. Meus sentimentos à família e incontáveis amigos e admiradores que ele deixou".
O dirigente do MST João Pedro Stédile, por sua vez, classificou Samuel Pinheiro como "grande lutador". "Estou com o coração apertado. Perdemos, o MST e todo o povo brasileiro, um grande lutador, um nacionalista das primeiras trincheiras e exemplo de diplomata a serviço da Nação, o nosso grande Samuel Pinheiro Guimaraes. Fica um legado intelectual e de servidor público", afirmou em seu perfil no X.
Embaixador foi Alto Representante do Mercosul
Nascido no Rio de Janeiro, em 1939, Samuel Guimarães graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (atual UFRJ) em 1963, mesmo ano em que ingressou no Itamaraty. Em 1969 concluiu seu mestrado em Economia na Universidade de Boston (EUA).
Além dos cargos que ocupou no governo federal, entre 2011 e 2012 ele assumiu a função de Alto Representante Geral do Mercosul.
Edição: Nicolau Soares