Através de um comunicado conjunto, Burkina Faso, Níger e Mali anunciaram neste domingo (28/01) a sua saída da CEDEAO, Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental, denunciando as "sanções ilegais, ilegítimas, desumanas e irresponsáveis" aplicadas pelo bloco aos seus governos.
Os países sublinharam no documento que com "grande pesar, amargura e decepção", a CEDEAO "traiu os seus princípios fundadores" sob a influência estrangeira, referindo-se à falta de apoio do bloco aos levantes militares anticoloniais que os países promoveram nos últimos anos, em especial o Níger em julho de 2023.
"A organização não prestou assistência aos nossos Estados no âmbito da nossa luta existencial contra o terrorismo e a insegurança", argumentaram os países por meio da nota.
Em resposta ao comunicado, a CEDEAO afirmou que não recebeu nenhuma notificação oficial dos três países-membros sobre a saída da comunidade, afirmando assim que grupo "continua empenhado em encontrar uma solução negociada para o impasse político".
Com a alegação do bloco africano, o primeiro-ministro do Níger, Ali Mahaman Lamine Zeine, acusou a CEDEAO de "desonestidade" denunciando que a comunidade não enviou uma equipe de negociação para uma reunião sobre o assunto marcada na última quinta-feira (25/01) em Niamey, capital nigerina. Já delegação explicou sua ausência citando uma avaria técnica da aeronave.
Deterioração das relações com a CEDEAO
As relações dos governos de Mali, Burkina Faso e Níger com a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental pioraram após a mudança de governo nesses países.
Atualmente, as nações são geridas por governos militares de transição que chegaram ao poder após a piora da situação de segurança nas antigas colônias francesas, causada pelo aumento de atividade terrorista.
Depois da remoção do presidente do Níger, em julho de 2023, a CEDEAO ameaçou usar a força se o presidente deposto não fosse reintegrado. A organização também impôs sanções à nação e suspendeu a ajuda militar, financeira, alimentar e médica ao país.
O Mali e Burkina Faso enfrentaram medidas punitivas semelhantes após os golpes de Estado de 2021 e 2022, respetivamente. Estima-se que as sanções do bloco resultaram na morte de mais de 125 mil pessoas, afetando principalmente mulheres e crianças.
Frente a deterioração das relações na CEDEAO com a troca de governo no Níger em julho, em 16 de setembro de 2023, as três nações africanas criaram a Aliança dos Estados do Sahel, uma organização de defesa coletiva.