Hoje, artistas de diferentes regiões do país protagonizam a cena
“As Aventuras de Nhô-Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte” é considerado o primeiro registro de história em quadrinhos publicado no Brasil, em 30 de janeiro de 1869. A obra de Angelo Agostini, artista italiano que se mudou para cá ainda com 17 anos, não seria a mais famosa dele.
Junto com o advogado abolicionista Luiz Gama, os dois fundaram o Diabo Coxo, um jornal humorístico ilustrado considerado o primeiro do gênero da cidade de São Paulo. A publicação é de 1865, ainda anterior à primeira história em quadrinhos.
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Em homenagem a Agostini, 30 de janeiro é celebrado como o Dia do Quadrinho Nacional. Apesar do espaçamento histórico, o trabalho do artista italiano-brasileiro segue condizente com muitas das publicações atuais no país.
Hoje, são artistas independentes que protagonizam as produções de maior visibilidade e alcance nacional. Embora com temas diversos e plurais, os trabalhos têm em comum o diálogo com a sociedade sobre questões sociais pujantes no país.
Capa da edição de dezembro de 1864 do Diabo Coxo / Reprodução
O paralelo possível com Agostini é por conta, justamente, do Diabo Coxo. Especialistas no tema consideram o jornal como um importante formador de opinião da época, no caso, o Segundo Reinado.
Por meio da caricatura de figuras políticas, o jornal conseguiu dispensar a necessidade de compreensão escrita e atingir um maior número de pessoas em relação aos periódicos convencionais.
Os mais de 150 anos que distanciam Agostini das produções brasileiras atuais trouxeram um avanço importante para os quadrinhos nacionais: a descentralização.
Diferentemente daquela época, em que os trabalhos retratavam o cotidiano de São Paulo e Rio de Janeiro, atualmente, artistas de diferentes regiões do país protagonizam a cena. A internet, sem dúvida, é uma ferramenta fundamental para esse movimento.
Um destaque neste sentido é o projeto Norte em Quadrinhos, criado por Sâmela Hidalgo, uma editora de quadrinhos manauara, que busca fortalecer e trazer visibilidade para os artistas do Norte e seus quadrinhos, além de promover debates sobre como o resto do país enxerga a região.
Por meio da página no Instagram, a artista ajuda a divulgar o trabalho de outros colegas de estados vizinhos, como é o caso de Elton Galdino, quadrinista e ilustrador paraense. Ele é autor de Zagaia - Coletânea de Quadrinhos Afroamazônidas, que reúne trabalhos dele e de outros artistas da periferia de Belém.
Por conta do 30 de janeiro, cidades do Norte têm programação especial para celebrar a data. Em Belém (PA) e Macapá (AP) acontece a Semana Quadrinho Nacional, que se estendem até o final de semana. Já em Manaus (AM), encerrou o II Festival TupiNanquim, realizado nos dias 27 e 28.
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Edição: Matheus Alves de Almeida
