Enquanto as bombas israelenses continuam caindo sobre a Faixa de Gaza e o número de palestinos mortos já se aproxima dos 27 mil, o chefe político do Hamas, Ismail Haniyeh, anunciou nesta terça-feira (30) que recebeu uma proposta de pausa na operação militar por seis semanas, período no qual o grupo trocaria reféns mantidos em Gaza por prisioneiros palestinos detidos em Israel.
Por comunicado, Haniyeh indicou que está disposto a levar a proposta em consideração, se isso ajudar o Hamas a alcançar suas demandas: cessar-fogo permanente, retirada das forças israelenses, reconstrução de Gaza, suspensão do bloqueio israelense sobre a Palestina e libertação de prisioneiros palestinos detidos em Israel.
"A prioridade é encerrar a agressão injusta contra Gaza e a retirada completa das forças de ocupação", disse Haniyeh.
A proposta, surgida de conversas durante o fim de semana entre autoridades dos Estados Unidos, Israel, Catar e Egito, é vista como o sinal mais esperançoso em meses para acordo diplomático que suspenda o massacre contra Gaza, ao menos temporariamente. A pausa de seis semanas seria a primeira de três fases potenciais de trocas de reféns por prisioneiros.
No domingo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, definiu as conversas como "construtivas", mas advertiu que "lacunas significativas" permaneciam. Em declarações veiculadas pela TV israelense, ele disse que seu país não retirará suas forças da Faixa de Gaza nem libertará milhares de prisioneiros palestinos.
"Não encerraremos esta guerra sem alcançar todos os nossos objetivos. Isso significa eliminar o Hamas, receber de volta todos os nossos reféns e garantir que Gaza não represente mais uma ameaça para Israel", declarou.
Autoridades dos países envolvidos nas negociações, sob condição de anonimato, alertaram que as conversas estão em estágio inicial e muitos detalhes ainda precisam ser debatidos se o Hamas concordar em começar a colocar o plano em prática. O primeiro passo seria os líderes políticos transmitirem a proposta aos líderes militares, um processo que poderia tardar, caso estes estejam escondidos na extensa rede de túneis construída pelo Hamas no subsolo de Gaza.
Enquanto isso, o massacre continua
Durante a noite de segunda (29) e ao longo desta terça, os bombardeios de Israel continuaram em praticamente toda a Faixa de Gaza, especialmente em Khan Yunis (sul) e também na Cidade de Gaza e outros pontos do norte do território, onde batalhas terrestres recomeçaram.
Em Rafah, na fronteira com o Egito, um repórter da rede Al Jazeera que está na cidade relata que uma casa cheia de palestinos deslocados foi destruída em um ataque aéreo durante a noite. Pelo menos três pessoas teriam morrido, mas há muitas sob os escombros.
Em Khan Yunis, a maior parte dos combates ocorre nas proximidades do Hospital al-Amal, que está sob cerco militar israelense há oito dias, assim com o Hospital Nasser.
Um grande número de civis palestinos também teria morrido em ataques israelenses a residências nos bairros de Sabra e Tuffah, na Cidade de Gaza, segundo a agência de notícias Wafa.
Pelo menos 26.751 pessoas foram mortas e 65.636 ficaram feridas em ataques israelenses em Gaza desde 7 de outubro, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Com informações da Al Jazeera e do The New York Times.
Edição: Rodrigo Durão Coelho