Um ato nesta sexta-feira (2) em Apodi (RN) marca a entrega das primeiras máquinas agrícolas chinesas adaptadas para a agricultura familiar e camponesa. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Consórcio Nordeste e o governo do Rio Grande do Norte receberão 29 máquinas, sendo que 11 serão entregues ao MST no Rio Grande do Norte, na Paraíba, no Maranhão e no Ceará.
A partir da entrega, os equipamentos serão testados por camponeses para verificar a eficiência de cada uma delas nos diferentes tipos de solo e sistemas produtivos do país. Os itens que se adaptarem ao dia a dia da produção no Brasil poderão, no futuro, ser fabricados no país para utilização em larga escala.
O acordo entre brasileiros e chineses começou a ser estreitado em 2022. Desde a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na presidência, o governo federal apoia a iniciativa e participa das negociações. Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, disse que o maquinário que chega ao país terá um papel relevante para a agricultura familiar.
"A modalidade das máquinas para agricultura no Brasil é uma voltada ao grande agronegócio. Máquinas imensas, gigantescas. E 75% das propriedades brasileiras são pequenas, e não tem modalidade de máquinas adaptadas a essas propriedades. Essa experiência enfrenta essa questão", apontou.
Uma delegação chinesa já está no Brasil e, na última semana, visitou a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (SP), e participou do ato que marcou os 40 anos do MST. Além disso, visitou a Universidade de Brasília (UnB), em atividades que fazem parte do projeto de construção do Centro Brasil-China de Pesquisa, Desenvolvimento e Promoção de Tecnologia para Agricultura Familiar.
A parceria tem apoio da Associação Internacional para a Cooperação Popular (ACIP), da Universidade Agrícola da China, e também da Associação de Fabricantes de Máquinas Agrícolas. O governo federal entra com financiamento por meio do Programa Mais Alimentos.
"Queremos criar um ambiente através do Mais Alimentos de produção de máquinas pequenas. Não só trator: implementos e máquinas de processamento de alimentos para a agroindústria. Essa experiência da China é um marco para mudança de paradigma e produção de máquinas pequenas", complementou Teixeira.
Edição: Vivian Virissimo