Desde o fim do ano passado, pesquisas eleitorais começaram a apontar possíveis nomes para concorrer às prefeituras em 2024. Em Curitiba, a última pesquisa divulgada pelo Instituto Paraná Pesquisas, em dezembro, mostra Luciano Ducci (PSB) na liderança, com 16,2%, seguido por Ney Leprevost (União), com 16%. O atual vice do prefeito Rafael Greca (PSD), Eduardo Pimentel (PSD), aparece em quarto (12,5%), atrás de Beto Richa (PSDB) (13,5%).
Tais números, no entanto, são da pesquisa estimulada, quando o entrevistado escolhe entre uma lista de nomes. Na pesquisa espontânea, em que o entrevistado declara sua intenção de voto sem que nenhum nome lhe seja apresentado, a porcentagem de pessoas que não souberam dizer um nome é de 75,9%.
Com tanto tempo de antecedência para o início das eleições, os nomes que aparecem na pesquisa não são necessariamente os mais viáveis eleitoralmente, como explica Emerson Urizzi Cervi, doutor em Ciência Política, professor e pesquisador de Comunicação Política e Opinião Pública do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
“O que se mostra hoje é mais uma lembrança de nome: quem tem mais recordação tende a ser mais citado. Nesse momento, o mais importante é olhar para a rejeição. Se o eleitor diz ‘nesse fulano eu não voto de jeito nenhum’, a chance de votar é muito baixa”, pontua Cervi.
Coincidentemente, os nomes mais lembrados em Curitiba estão também entre os mais rejeitados: Beto Richa aparece com 50,8% de rejeição; Luciano Ducci com 11,7%; Ney Leprevost com 9,3%; e Eduardo Pimentel com 8,5%. Sem aparecer no topo das intenções de voto na pesquisa estimulada, o deputado Goura (PDT) aparece como segundo mais rejeitado, com 12%.
“A pesquisa é feita para descrever como foi [o cenário] até ali. É feita do presente para o passado. É uma descrição, não predição”, pondera Cervi. Ele analisa que, ao longo deste ano eleitoral, é esperado que o cenário vá mudando de acordo com as movimentações políticas e o início da campanha em si.
Além disso, o professor conta que a volatilidade do eleitorado tem sido maior nos últimos anos, em decorrência, principalmente, à maior exposição a informações. Isso faz com que as pessoas estejam mais abertas a reavaliar seus votos constantemente. “É muito comum ter mudanças na última hora. Depende muito da dinâmica da campanha, do que está acontecendo na reta final”, diz.
Dificuldade do campo progressista
Ainda no levantamento de dezembro do Paraná Pesquisas, na espontânea, os nomes mais lembrados são alinhados à centro-direita: Rafael Greca — mesmo que não possa concorrer, uma vez que já está no seu segundo mandato — (11,4%); Eduardo Pimentel (2,5%); Ney Leprevost (1,3%); e Luciano Ducci (1,2%).
Este último, no entanto, tem sido cotado para encabeçar a chapa à prefeitura em uma aliança ampla com apoio de partidos progressistas e de esquerda, como o PT.
“Do ponto de vista partidário, não tem nenhuma coisa fora do script: o PSB [partido de Ducci] integra a base do governo do PT. Não seria nada fora do normal uma coligação entre PSB e PT para a prefeitura”, analisa Cervi. “O Ducci, propriamente dito, não é uma pessoa que tem ligação com o campo progressista. Mas quem apresenta o candidato é o partido, então a gente precisa ver onde o partido está, como os partidos vão conversar”, complementa.
Nomes próprios do PT estão disputando essa indicação do partido à prefeitura de Curitiba, como a deputada federal Carol Dartora e o deputado federal Zeca Dirceu. O PDT também cogita o nome de Goura como candidato à prefeitura.
Na pesquisa estimulada, Dartora aparece em último lugar no quesito rejeição, enquanto Goura é o segundo mais rejeitado. O nome de Zeca Dirceu não esteve na lista estimulada.
“Em Curitiba, o campo progressista tem 25% de votos, não passa disso. Se tiver um [candidato] só, sai com 25; se tiver dois, pode dividir”, afirma Cervi.
Corrida para o Congresso em 2026
Além de definir os futuros das cidades, as eleições de 2024 podem apontar como será o Congresso Nacional em 2026, de acordo com a análise de Emerson Urizzi Cervi.
Ele explica que muitos dos nomes que são aventados nesse período pré-campanha não concorrerão de fato neste ano, mas estão usando as eleições para “gerar memória”, fazendo com que o eleitorado lembre-se de que eles existem no cenário político.
“Os deputados vão participar dessa campanha efetivamente porque isso também gera dividendos, lucros políticos. Dependendo de como for a conformação das prefeituras, tende a ter já o indicativo de como será o parlamento”, aponta Cervi.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Pedro Carrano