Há exatos 20 anos, no dia 4 de fevereiro de 2004, morria a escritora e poeta Hilda Hilst. Uma das autoras brasileiras mais expressivas, Hilst colocou em prosa e poesia a sua busca pelo sagrado, o corpo e a paixão.
Polêmica, excêntrica e provocativa, a autora produziu mais de 40 títulos, entre poesia, teatro e ficção, e escreveu durante quase 50 anos. Ela morreu aos 73 anos, vítima de uma falência múltipla dos órgãos e sistemas.
"A poesia é um dom divino, uma febre física. É uma espécie de êxtase que vem de repente e acaba também de repente", disse Hilst em uma entrevista.
Formada em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), o início de sua produção literária foi em São Paulo, com o livro de poemas Presságio (1950); e na ficção, com o Fluxo-Floema (1970). Mas foi somente em 1990 que Hilda ganhou visibilidade na imprensa.
A Casa do Sol, residência onde Hilst viveu dos 36 anos até falecer, é hoje um patrimônio cultural tombado, administrado pelo Instituto que leva o seu nome, aberto ao público e a artistas residentes. Foi no local que ela produziu boa parte dos seus livros.
“Quando você entra na Casa do Sol, você entra encontra um relógio em uma parede rosa, com a frase: ‘é mais tarde do que supões’, que faz pensar imediatamente sobre o tempo”, opinou Geruza Zelnys em um especial produzido pelo Brasil de Fato em 2022, sobre a vida e a obra de Hilst.
Segundo Zelnys, que carrega no corpo o título de um livro de Hilda - “Tu não te moves de Ti”, a obra de Hilda é atemporal e dialoga com o nosso tempo em questões que não foram superadas, seja da natureza humana ou política.
“O que me chama mais atenção na obra da Hilda é o caráter subversivo. Não só subversivo no sentido de ultrapassar aqueles códigos sociais, mas de perceber que nada é aquilo que parece. Na obra dela as coisas podem ser absurdamente contraditórias, e isso demonstra como é a própria natureza humana. Essa sensação de que não temos controle sobre nada e a capacidade absurda de subversão de cada um”, analisou.
Edição: José Eduardo Bernardes