O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), negou nesta segunda-feira, (5), em entrevista a jornalistas antes da abertura do ano Legislativo no Congresso Nacional, que tenha havido um rompimento entre ele e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ele também afirmou ter certeza que o Executivo e o Congresso serão uma "dupla de sucesso" neste ano, mas não informou se terá uma reunião com Lira.
"Nunca existiu qualquer rompimento e nunca existirá. Este governo, sob a liderança do presidente Lula, não gera conflito, não entra em conflito. Estamos em um grande esforço de recuperação, de reabilitação das relações institucionais do pais", afirmou Padilha ao ser questionado por jornalistas no Congresso sobre sua relação com o presidente da Câmara.
Questionado sobre quando deve se reunir com Lira, Padilha disse que ainda não há data marcada, mas que ele e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), devem se reunir com os líderes da Câmara e do Senado nos próximos dias.
"Primeiro, a partir de hoje os líderes chegam aqui (no Congresso Nacional), amanhã teremos agenda minha e do Fernando Haddad, convidando líderes da Câmara e do Senado pra traçar um panorama da situação econômica do país. Certamente depois do carnaval, nós estamos programando, o presidente Lula já pediu para que a gente possa, depois do carnaval, depois da viagem internacional que ele vai fazer aa África, um momento dele com os líderes da Câmara e os líderes do Senado. O governo conversa todo dia com o presidente da Câmara, o presidente do Senado, com os líderes", seguiu Padilha.
Ausências em eventos oficiais
Apesar da fala do ministro minimizando a situação, o clima entre o governo e Lira não está dos melhores. Desde o ano passado, o presidente da Câmara não se reúne mais com Padilha e tem preferido dialogar com o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), e com o titular da Fazenda.
Na entrevista com jornalistas nesta segunda, Padilha minimizou a situação e disse ser positivo que mais ministros participem da interlocução com o Congresso. "O Governo em nenhum momento rompeu, nem nunca romperá a relação com o Congresso Nacional, seja com os presidentes das duas casas, seja com os líderes da base e da oposição também. Foi assim que nós construímos essa agenda muito positiva envolvendo vários ministros nessa relação. Quanto mais ministros conversando com o Congresso Nacional, melhor", disse Padilha.
Contribuiu para a piora do clima o veto do presidente Lula a R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares que estavam previstas no Orçamento de 2024. A expectativa é de que o veto seja derrubado no Congresso, que não recebeu bem a medida em pleno ano eleitoral, quando parlamentares precisam dar mais atenção a suas bases e aliados políticos.
Desde o início do terceiro mandato de Lula, o centrão, capitaneado por Lira, tem pressionado por mais emendas e mais espaços em ministérios. Isso tem levado o controle do orçamento pelos parlamentares a patamares cada vez maiores e, na prática, reduz o poder do Executivo de definir e executar suas políticas públicas.
Neste cenário, Lira foi o único chefe dos Três Poderes que não participou do evento para marcar um ano dos atos golpistas do 8 de janeiro e também da posse de Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça. O próprio presidente Lula, por sua vez, não foi pessoalmente à abertura do ano Legislativo, realizada nesta segunda-feira e que marca a retomada dos trabalhos da Câmara e do Senado. Em comparação, na semana passada o presidente marcou presença.
"Dupla de sucesso"
Ainda assim, Padilha minimizou o cenário, lembrou que o trabalho do Congresso foi essencial para "salvar a democracia" após o 8 de janeiro de 2023 e também para aprovar as medidas do pacote econômico de Haddad e a volta dos programas sociais do governo no ano passado.
"Não é o ministério das relações interpessoais, é o Ministério das Relações Institucionais. As relações institucionais do governo federal, do Executivo com o Congresso, estão melhores que nunca. E tenho certeza absoluta, vamos terminar o ano, de novo, comemorando juntos os gols marcados por essa dupla Executivo e Congresso Nacional", disse Padilha.
Apesar do cenário, o presidente Lula teria, segundo a Folha de S. Paulo, descartado a troca de Padilha e vem resistindo às pressões do centrão por mais espaço no governo e verbas. No ano passado, o presidente já trocou os titulares de dois ministérios (Esportes e Portos e Aeroportos) e a Presidência da Caixa Econômica para atender partidos do centrão e interesses do próprio Lira.
Edição: Nicolau Soares