No dia em que chegou a Israel para apoiar os ataques do governo de Benjamin Netanyahu contra a população palestina, o presidente argentino Javier Milei sofreu a primeira derrota parlamentar de seu mandato. Na noite desta terça-feira (6), a chamada Lei Ônibus, pacote ultraliberal que é o principal projeto do governo, voltou à estaca zero em sua tramitação, sem prazo para ser novamente apreciada pelos deputados argentinos.
Com a derrota, Milei já marca seu nome na história: é a primeira vez que um texto já aprovado em plenário na Câmara dos Deputados volta à instância anterior. O pacote, com mais de 300 medidas de recorte neoliberal que Milei busca implementar desde dezembro do ano anterior, teve seu texto base aprovado na última sexta-feira (2) e foi para votação nesta terça-feira (6).
Também não há registro na história argentina de que o primeiro projeto de lei de uma gestão tenha sido derrubado pelo próprio partido governista. O pedido para que o projeto retrocedesse ao estágio inicial foi feito pelo deputado Oscar Zago, líder do governo na Câmara dos Deputados, após acompanhar os principais artigos da Lei Ônibus serem derrubados na votação, em particular aqueles que tratam da reforma do Estado.
Antes que os tópicos que tratam das privatizações no país sofressem o mesmo destino, Zago se antecipou e pediu o retorno da Lei Ônibus ao estágio de comissões, que representa a estaca zero da tramitação. “Há compromissos que não foram cumpridos”, disse o parlamentar do partido governista Liberdade Avança.
Em Israel desde terça-feira, Milei sentiu o golpe e partiu para o ataque contra os parlamentares que votaram contra o projeto, os quais ele classificou como “delinquentes”. “A casta política, como nós chamamos esse conjunto de delinquentes que querem uma Argentina pior e que não estão dispostos a ceder seus privilégios, começaram a desmantelar nossa lei de Bases e Pontos de Partida”, disse em coletiva de imprensa em Israel, após se reunir com Netanyahu.
*Com informações de Página 12, Clarín e G1
Edição: Lucas Estanislau