Protestos

Haiti: manifestantes atacam sede do governo e exigem renúncia do premiê Ariel Henry

País enfrenta protestos em meio a crise social e política iniciada com o assassinato do presidente Jovenel Moïse

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Manifestantes marcharam em Porto Príncipe pedindo renúncia do primeiro-ministro - Richard PIERRIN / AFP

O Haiti registrou nesta segunda-feira (05/02) a quinta jornada consecutiva de protestos, em diferentes cidades do país, que exigem a renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry.

Os atos desta segunda incluíram bloqueio de estradas, ocupação de escolas e edifícios governamentais, não apenas na capital Porto Príncipe como também em Jacmel, Les Cayes, Pétionville, Hinche, Delmas, Carrefour e Cabo Haitiano.

Segundo a imprensa local, um dos locais atacados pelos manifestantes foi o palácio onde se encontra o escritório de Henry.

A polícia evacuou o edifício quando a invasão era iminente, retirando os funcionários governamentais. O primeiro-ministro já não estava no local quando os incidentes se iniciaram.

Como Henry chegou ao poder

O Haiti sofre com uma sucessão de crises sociais, econômicas e políticas desde o início deste século. A mais recente foi desencadeada pela morte de Jovenel Moïse, assassinado em julho de 2021 em um atentado realizado por militares mercenários de origem colombiana e norte-americana – as investigações ainda não determinaram quem seria o contratante do serviço.

Com a morte de Moïse, o governo do Haiti passou a ser exercido por um Conselho de Ministros. Porém, esse órgão deveria ser liderado pelo primeiro-ministro, segundo o sistema parlamentarista haitiano. O ocupante desse cargo na época era Claude Joseph, do partido de centro-direita Compromisso com o Desenvolvimento.

Porém, Henry entrou em cena como líder do partido opositor Unidade Popular (centro social-democrata), assumiu o cargo de primeiro-ministro e também o Ministério do Interior – na prática, passou a ser também o presidente, já que esta continua até hoje sendo exercida pelo Conselho de Ministros, que tem como suas duas principais autoridades o primeiro-ministro e o ministro do Interior, ambos cargos acumulados por ele.

Sua manobra política se baseou na promessa de que seu governo seria interino e convocaria eleições para estabelecer um novo governo. O Conselho de Ministros segue exercendo a presidência até hoje. O governo de Henry assegura que o pleito será realizado em 2024, mas até hoje não foi oficializada uma data exata.