O Parlamento do Senegal aprovou a decisão do presidente senegalês, Macky Sall, de adiar as eleições presidenciais no país que estavam marcadas para ocorrer no próximo dia 25 de fevereiro. O primeiro-ministro, Abdou Mbow, defendeu o adiamento do pleito e convocou a população a participar de um “diálogo aberto” para discutir a votação, agora prevista para o dia 15 de dezembro.
A decisão levou milhares de senegaleses às ruas em protesto que se estendeu em diversas regiões da capital Dakar. Muitos manifestantes reivindicam a liberação do líder opositor Ousmane Sonko, condenado a dois anos de prisão em junho do ano passado.
A mudança de data foi anunciada pelo governo na segunda-feira (05), sob a alegação de um suposto caso de corrupção no Conselho Constitucional, órgão responsável pela habilitação de candidaturas presidenciais.
Em coletiva de imprensa, o primeiro-ministro alegou que o governo está adiando as eleições para “impedir uma crise institucional de grande escala”. Mbow também é presidente da coalizão oficialista Unidos pela Esperança e disse que foram identificadas “irregularidades” na organização das eleições que colocaram em risco o pleito.
Segundo a emissora francesa RFi, a oposição recorreu da decisão e espera que a Justiça considere a mudança inconstitucional. Sall cumpriu dois mandatos e não pode concorrer por mais um mandato seguido. A cerimônia de posse do novo presidente estava marcada para 2 de abril.
O Departamento de Estado dos EUA disse nesta terça-feira (6) que está “profundamente preocupado” com a mudança. Em nota, o órgão disse que a medida vai contra a “tradição democrática” do país e que a votação na Assembleia Nacional não pode ser considerada legítima.
Protestos contra a mudança
A votação no parlamento teve 105 votos a favor de 165 possíveis. Durante a sessão, deputados protestaram contra a medida do governo. Segundo a RTVE, um grupo de congressistas ocupou o plenário, interrompeu o debate e disse que o presidente promove um “golpe constitucional”.
A polícia entrou e retirou os manifestantes do prédio do Legislativo. Por causa disso, alguns deles não puderam votar.
O clima tenso se estendeu para as ruas. Milhares de senegaleses protestaram contra a mudança da data. Manifestantes se reuniram em frente à sede do Parlamento em Dakar e a polícia reprimiu os atos com gás lacrimogêneo. Também foram registrados cortes na internet do país, medida que foi condenada pelos EUA.
Edição: Lucas Estanislau