A repressão policial às manifestações que pedem a saída do primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, resultou em seis mortes nesta quarta-feira (7), data em que Henry deveria deixar o cargo segundo o acordo fechado em dezembro de 2022, após o assassinato do então presidente haitiano, Jovenel Moïse.
Cinco das vítimas eram agentes da Brigada de Vigilância de Áreas Protegidas (BSAP), uma nova entidade armada sobre a qual as autoridades haitianas perderam completamente o controle e aconteceram na zona de Laboule, nas colinas da capital haitiana, Porto Príncipe.
A sexta vítima foi morta pelas forças policiais após um ataque dos manifestantes à sede da polícia na comuna de Ouanaminthe, no nordeste do país.
Ao menos desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em julho de 2021, o Haiti vive uma situação de colapso. Os últimos mandatos de deputados e senadores expiraram no começo de 2023 e não há representantes eleitos nem para o Congresso, nem para a Presidência.
O país possui cerca de dez mil policiais para uma população de quase 12 milhões de pessoas, ou seja, 1.200 cidadãos para cada policial — no estado de São Paulo, a razão é de 556 para 1: são 80 mil PMs para 44,5 milhões de habitantes.
Além disso, quase 5 milhões de pessoas passam fome atualmente. As condições de desabastecimento são agravadas pela atuação das gangues, que dificultam o escoamento da produção agrícola de uma região para a outra do Haiti. Em 2022, uma das facções tomou o controle do principal terminal portuário do país e passou a impedir a chegada de combustível e até mesmo de água potável ao Haiti, que naquele momento enfrentava uma epidemia de cólera. Em 2023 o número de homicídios mais que dobrou no país.
*Com informações da AFP, Telesur e Opera Mundi
Edição: Lucas Estanislau