Em meio à escalada de protestos pela renúncia do atual primeiro-ministro do Haiti, a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou para o aumento dos índices de violência no primeiro mês do ano no país, com um agravamento da pobreza e do controle de grande parte do território por gangues armadas, tornando este o janeiro mais violento dos últimos dois anos.
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, alertou na última sexta-feira (9) para o aprofundamento da crise dos direitos humanos.
"É essencial melhorar a segurança e, ao mesmo tempo, combater a pobreza, a discriminação social e econômica e a corrupção, [medidas] necessárias para a estabilidade a longo prazo", disse.
Türk ainda afirmou que, até o momento, pelo menos 806 pessoas que não faziam parte das lutas entre gangues foram mortas, feridas ou sequestradas, assim como cerca de 300 membros de gangues necessitaram de assistência médica para ferimentos, totalizando 1.108 pessoas afetadas de alguma forma pelas ações de violência. O número é três vezes maior do que o índice de janeiro de 2023.
O representante da ONU explicou ainda que na região metropolitana de Porto Príncipe o impacto da violência atinge todos os municípios devido aos confrontos entre gangues pelo controle dos territórios, estendendo-se para áreas fora da capital.
"Habitantes de áreas controladas por gangues foram atacados diretamente. As gangues continuam a usar a violência sexual contra mulheres e meninas como arma e a espalhar o medo ao compartilhar fotos e vídeos horríveis de pessoas assassinadas e mulheres estupradas nas redes sociais locais", disse Türk.
Em relação a crianças e adolescentes, a ONU denunciou o recrutamento de menores de idade pelos grupos criminosos. Da mesma forma, em 2023, foi registrado o número de 167 crianças mortas ou feridas por tiros. Destes, alguns foram executados por brigas internas dos grupos.
Protestos
As denúncias da ONU vêm em meio a uma onda de protestos que levou milhares de haitianos às ruas contra o governo provisório do premiê Ariel Henry e para exigir eleições gerais no país.
Segundo acordo alcançado em dezembro de 2022, após o assassinato do ex-primeiro-ministro Jovenal Moïse em 2021, Henry deveria ter convocado eleições e deixado o cargo em fevereiro de 2024.
*Com Telesur
Edição: Lucas Estanislau