O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado pela tentativa de um golpe de Estado, convocou uma manifestação na avenida Paulista, São Paulo, para 25 de fevereiro. O chamado foi feito na noite desta segunda-feira (12), por meio de um vídeo que circula nas redes sociais. "Deus, pátria, família e liberdade", declarou na convocação.
Segundo Bolsonaro, o ato será "pacífico" e "em defesa do nosso Estado Democrático de Direito". Ele pediu ainda que os apoiadores compareçam de verde amarelo. "Quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à minha pessoa nos últimos meses", disse.
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A manifestação foi convocada por Bolsonaro quatro dias depois de a Polícia Federal deflagrar uma operação que revelou um plano para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022. A estratégia envolveria também a prisão do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, e de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O jurista Pedro Serrano, doutor em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), enfatizou que o ex-presidente tem o direito de e manifestar, mas isso não tem o poder de alterar o rumo das investigações. "O fato é que existiu um conjunto de crimes graves", disse o jurista. Veja essa e outras reações:
Investigações se aproximam de Bolsonaro
A Operação Tempus Veritatis foi a maior ofensiva da Justiça até aqui contra auxiliares e ex-ministros de Jair Bolsonaro, além de militares de alta patente que apoiavam o ex-presidente.
O inquérito policial que deu origem à operação é o que investiga as chamadas milícias digitais, uma ampla investigação aberta pela PF para apurar a atuação não só de grupos que difundiram desinformação e atacaram as instituições durante o governo Bolsonaro, mas também para identificar o uso da estrutura do Estado para abastecer essa rede e garantir ganhos políticos ao ex-presidente e seus aliados.
:: Operação sobre tentativa de golpe é apenas uma das três frentes que PF tem contra Bolsonaro ::
Conduzida por Alexandre de Moraes, a investigação não tem poupado esforços para avançar no núcleo bolsonarista e possui ao menos outras duas linhas de apuração avançadas e que podem gerar mais dor de cabeça para o ex-presidente. Sobretudo, devido a informações que foram encontradas com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que fechou um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal após ser preso.
Nos aparelhos eletrônicos de Cid e na nuvem de sua conta pessoal de e-mail os investigadores encontraram diálogos comprometedores em aplicativos de mensagens, fotos e o polêmico vídeo da reunião ministerial de 5 de julho de 2022 que, segundo os investigadores, expõem a "dinâmica" da trama golpista arquitetada de dentro do governo Bolsonaro.
Edição: Nicolau Soares