O governo do Brasil revelou “grande preocupação” em relação ao recente anúncio feito pelas autoridades israelenses sobre a nova fase da operação militar concentrada em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde 1,4 milhão de palestinos, muitos deles refugiados, estão abrigados.
Nesta terça-feira (13), o Ministério das Relações Exteriores brasileiro lançou uma nota alertando que a recente conduta tomada por Israel “terá como graves consequências, além de novas vítimas civis, um novo movimento de deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos”, de tal forma como vem ocorrendo desde o início da guerra.
“O início dos deslocamentos forçados, primeiramente do Norte para o Sul de Gaza, a partir de 8 de outubro, é elemento indissociável da dramática crise humanitária vivida há quatro meses pela população de Gaza, e mereceu a condenação do Brasil e de boa parte dos países, à luz do direito internacional e do direito internacional humanitário. Estima-se que 80% dos habitantes de Gaza tenham sido obrigados a deixar suas casas, e a maioria deles na direção de Rafah, indicada inicialmente como área segura pelas autoridades israelenses”, afirmou o comunicado.
No início do ano, a Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA) divulgou que mais de 85% dos palestinos, o que equivale a 1,9 milhão de civis, estão em situação de deslocamento forçado em decorrência dos ataques israelenses.
Assim como indica o texto emitido pelo governo brasileiro, a cidade fronteiriça com o Egito, localizada no sul de Gaza, é conhecida como um “abrigo humanitário”, uma vez que as primeiras operações israelenses que se concentraram na região norte do enclave promoveram um deslocamento massivo para Rafah.
“O governo brasileiro reitera sua conclamação em favor da cessação das hostilidades e da libertação dos reféns em poder do Hamas como passos para a superação da crise humanitária em Gaza”, acrescentou o Itamaraty, reforçando “compromisso com uma solução de dois Estados, com um Estado da Palestina viável” que possibilite convívio ao lado do Estado de Israel “dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental como sua capital”.
Pressão internacional
Desde que Israel rejeitou a proposta de cessar-fogo apresentado pelo Hamas, na semana passada, e anunciou novos ataques direcionados a Rafah, refúgio para a maioria dos palestinos, a pressão internacional se intensificou contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Nesta terça-feira, a China pediu a Israel que interrompa sua operação militar "o mais rápido possível" para "evitar uma catástrofe humanitária ainda maior".
Já os Estados Unidos, maiores aliados de Israel na guerra, mudaram o tom e se manifestaram contrários à recente conduta de Tel Aviv. Em conversas privadas, o presidente norte-americano, Joe Biden, pediu ao premiê israelense para que aliviasse a campanha militar e alertou que ele não deveria enviar tropas para Rafah sem "um plano crível e executável".
Na segunda-feira (12), durante uma reunião na Casa Branca com o rei jordaniano Abdullah II, o democrata reconheceu que “desde que a guerra começou, os palestinos sofrem também uma dor e perdas inimagináveis”.
“Entre os mais de 27 mil palestinos mortos neste conflito, há muitos civis inocentes e crianças, milhares de crianças. Centenas de milhares de pessoas não têm mais acesso a alimentos, água e outros serviços básicos", declarou Biden.