A ex-presidenta Argentina Cristina Kirchner publicou nesta quarta-feira (14), um documento em que analisa a política econômica do país e faz críticas a Javier Milei, cujo governo ela acusou de ir "além do disruptivo".
"[O discurso e a prática do governo] nos levam a um lugar que a Argentina nunca conheceu. Isso se desenvolve, no entanto, em um marco econômico e social de extrema gravidade", disse.
Entre as cetenas de propostas do governo criticadas pela ex-mandatária peronista está a dolarização da economia. Segundo Cristina, a dolarização impedirá definitivamente a possibilidade de desenvolvimento com inclusão social na Argentina.
"O país não terá mais dólares. Pelo contrário, iremos ter menos dólares, porque a competitividade da maior parte do setores produtivos geradores de divisas será afetada e o peso da dívida externa aumentará na nossa economia", disse.
O documento de 33 páginas classifica o momento atual da economia argentina como "a terceira críse de dívida", com início na gestão liberal de Maurício Macri e que deve atingir seu auge no governo ultraliberal de Milei. A ex-presidente endereça duras críticas ao atual ministro da Economia, Luis Caputo, a quem ela aponta como principal responsável pela atual crise.
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"O safari da dívida do então secretário de finanças, Luis Caputo, culminou em 2018, quando, diante da impossibilidade de cumprir os vencimentos da dívida contraída, o governo recorreu ao prestador de última instância e trouxe de volta o FMI como auditor da economia argentina", aponta o documento. "Reciclar funcionários fracassados para reeditar políticas fracassadas, só pode conduzir a maus resultados", diz outro trecho do documento, em relação aos quadros do governo Macri que integram o atual Executivo, Caputo entre eles.
O ministro reagiu à publicação do documento e criticou os 16 anos de gestão de Cristina como presidente e vice-presidente. "A convido a ter um pouco de dignidade e permanecer calada enquanto os argentinos de bem fazem um enorme esforço de suportar e superar o desastre econômico dos seus últimos quatro anos de governo, sem dúvida o pior da história argentina", postou Caputo em suas redes.
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A fala do ministro não ficou sem resposta. "Bom dia senhor ministro. Não é o primeiro de sua família que tenta me calar. Só em um país com este Poder Judiciário você pode voltar a ser um funcionário público", postou a ex-presidente no X (antigo Twitter). Cristina fez referência ao fato de a família de Caputo ter sido investigada por financiamento à Revolução Federal, grupo do qual faziam parte os envolvidos na tentativa de assassinato de Cristina que ocorreu em setembro de 2022.
Governo Milei é cada dia mais o governo Macri
A ex-presidente pontua que, quando estava finalizando o documento, surgiram declarações de Milei em relação à nova aliança do governo com a incorporação orgânica do macrismo no âmbito legislativo e executivo. "A se confirmar essa informação estaremos na presença da quarta coalizão de governo pela fusão de Macri e Milei."
Em seu retorno à Argentina nesta terça-feira (13), depois de passar por Israel e Itália, Milei voltou suas atenções para a importante derrota parlamentar de seu pacote ultraliberal conhecido por Lei Ônibus e deu indicações de que deve aprofundar a presença em seu governo do Partido Republicano (PRO), de Maurício Macri.
Edição: Lucas Estanislau