O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas a Israel durante encontro com o presidente do Egito, Abdel Fattah Al-Sisi, nesta quinta-feira (15).
"O Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel e ao sequestro de centenas de pessoas. E nós condemos e chamamos o ato de ato terrorista. Mas não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel, a pretexto de derrotar o Hamas, estar matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento", disse Lula.
A fala do presidente brasileiro acontece no momento em que Israel promove ataques à cidade de Rafah, na fronteira com o Egito, onde estão abrigados 1,4 milhão de palestinos, muitos deles refugiados. Na terça-feira (13), o Brasil manifestou preocupação com a nova fase da operação militar concentrada em Rafah. Em nota, o Itamaraty alerta que a postura de Israel, "terá como graves consequências, além de novas vítimas civis, um novo movimento de deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos".
O massacre promovido por Israel contra a população palestina em Rafah tem recebido críticas inclusive de seus aliados mais próximos, como os Estados Unidos.
"Eu queria dizer ao presidente Al-Sisi que é uma alegria muito grande retornar ao Egito. E, num momento importante da política mundial. Num momento em que deveríamos estar falando no aumento da produção de alimentos para o mundo, num momento em que a gente deveria estar falando em crescimento econômico, distribuição de renda e geração de empregos, nós estamos falando em guerras", disse Lula.
Lula defende "nova geopolítica na ONU"
Em seu discurso, o presidente brasileiro defendeu uma nova geopolítica na ONU, com a participação de países da África e América Latina. "É preciso acabar com o direito de veto dos países. E é preciso que os membros do Conselho de Segurança sejam atores pacifistas, e não atores que fomentam a guerra", disse Lula em referência à atuação dos Estados Unidos no Conselho, que utilizou o poder de veto contra uma proposta de cessar-fogo apresentada pelo Brasil no início das hostilidades.
"A única coisa que se pode fazer é pedir paz pela imprensa, mas me parece que Israel tem a primazia de não cumprir nenhuma decisão emanada da direção das Nações Unidas", disse Lula.
Leia a íntegra do discurso de Lula no Egito.
Edição: Leandro Melito