O veto dos Estados Unidos a um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU, que exigia um cessar-fogo imediato em Gaza, dá "luz verde" para que Israel execute "mais massacres" no território, afirmou o Hamas nesta terça-feira (20).
"A posição americana dá luz verde à ocupação [israelense] para que cometa mais massacres (...) Isto não fará mais que aumentar o sofrimento do nosso povo", diz comunicado divulgado pelo movimento palestino.
Essa é a terceira vez que os Estados Unidos, principal aliado político e militar de Israel, vetam uma proposta de cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU, que além do veto contou com 13 votos a favor e a abstenção do Reino Unido.
As resoluções devem sem aprovadas por todos os membros-permanentes do Conselho (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia), que têm poder de veto nas votações.
Após 11 dias do início do conflito, os EUA vetaram texto apresentado pelo Brasil que solicitava a abertura de corredores humanitários em Gaza, pedia pausas na guerra para atendimento aos civis e a retomada de serviços essenciais.
Apresentado pela Argélia, o texto vetado nesta terça-feira exigia "um cessar-fogo humanitário imediato que deve ser respeitado por todas as partes". O texto também se opunha ao "deslocamento forçado da população civil palestina".
A votação ocorreu enquanto Israel se prepara para uma ofensiva na cidade de Rafah, a última da Faixa de Gaza que não foi invadida por tropas terrestres e onde estão refugiadas 1,4 milhão de pessoas.
O bloco de países da ONU conhecido como Grupo Árabe reiterou seu apoio ao projeto argelino antes da votação desta terça-feira."Nenhuma desculpa pode justificar a inércia do Conselho de Segurança e todos os esforços devem convergir para deter a matança que está ocorrendo em Gaza", declarou o grupo.
O Conselho de Segurança da ONU só conseguiu aprovar duas resoluções a respeito desde 7 de outubro, essencialmente humanitárias e sem grandes resultados, pois o fluxo de ajuda para Gaza continua sendo insuficiente.
"Não podemos apoiar uma resolução que poria em risco negociações delicadas" para alcançar uma trégua, declarou a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, ao mesmo tempo em que defendeu um esboço alternativo redigido por seu país, ao qual a agência de notícias AFP teve acesso.
Embora o texto inclua a palavra "cessar-fogo" - que os Estados Unidos evitaram anteriormente, vetando dois projetos em outubro e dezembro que usavam o termo -, não pede o fim imediato das hostilidades. O texto alternativo proposto pelos EUA faz referência a um "cessar-fogo temporário em Gaza assim que possível" com base em uma "fórmula" de libertação de todos os reféns.
Também expressa sua preocupação com Rafah, ao advertir que não deveria haver "uma grande ofensiva terrestre" sob as "circunstâncias atuais", pois "resultaria em novos danos à população civil e um novo deslocamento".
*Com AFP
Edição: Lucas Estanislau