Nesta quarta-feira (21), é comemorado o Dia Internacional do Livro Vermelho. A data celebra o lançamento da primeira edição do Manifesto Comunista, escrito por Karl Marx e Friedrich Engels. Fundamental para entender a luta de classes em todo o mundo, a obra inspira diversas outras relacionadas às estruturas de opressão da sociedade, consideras "livros vermelhos".
A data foi proposta e instituída na Assembleia Internacional dos Povos por uma editora de livros indiana, a LeftWord Books, e pela União Indiana de Editores de Esquerda.
O Manifesto inspira a pensar a realidade e transformá-la, segundo o coordenador editorial da Livraria Expressão Popular, Miguel Yoshida. Publicado há 176 anos, simbolizou aproximação dos autores com a organização de trabalhadores chamada posteriormente de Liga Comunista.
Veja a reportagem em vídeo, exibida no Central do Brasil:
"O Marx e o Engels se juntam a esse grupo de operários e de trabalhadores de diversos países da Europa pra conseguir somar na luta dos trabalhadores, principalmente no campo teórico. Então, a partir das discussões nessa organização chamada Liga dos Justos, eles identificaram — como já tinham um acúmulo teórico em torno das questões do capitalismo e da luta dos trabalhadores — algumas lacunas que poderiam ser supridas. Foram elaborando a partir de debates coletivos o que eles pensavam ser uma síntese de um programa político para a classe trabalhadora. Então, o Manifesto Comunista é importante porque, na verdade, ele é um programa político dos trabalhadores do século XIX na Europa, que buscavam uma transformação social", explica Yoshida.
"O Marx e o Engels dizem: 'Os comunistas não ocultam suas opiniões e objetivos. Declaram abertamente que seus fins só serão alcançados com a derrubada violenta da ordem social existente. Que as classes dominantes tremam diante de uma revolução comunista. Os proletários não têm nada a perder nela, além de seus grilhões. Têm um mundo a conquistar. Proletários de todos os países, uni-vos'", declama a jornalista e colaboradora da Livraria Expressão Popular, Cecília Luedemann, citando trecho do Manifesto.
Luedemann reflete e contextualiza o trecho recitado: "a gente só vai conseguir uma libertação quando a classe trabalhadora, todo mundo se unir. Veja o que está acontecendo lá na Palestina. Não é possível a gente ver um massacre como esse… Os povos todos procurando apoiar [a Palestina]… E a gente não consegue por quê? Porque nós também estamos amarrados em grilhões. [Em] cada país capitalista, ainda existe essa opressão."
Desde 2020, a Expressão Popular uniu-se a outras editoras para promover o Dia do Livro Vermelho. Juntas, incentivam a leitura e discussão entre trabalhadores do Manifesto Comunista e de outros textos críticos ao capitalismo e pró-emancipação da classe trabalhadora.
"A gente chama de livros vermelhos todos os tipos de livros — pode ser teoria, reportagem, literatura — que nos trazem uma referência de emancipação. (...) A gente vê que o dia inteiro, em vários lugares do mundo, a classe trabalhadora se organiza para essa leitura. É uma campanha para que a gente volte a ler os livros importantes pra nossa formação política”, explica Luedemann.
Criada há 25 anos por movimentos de esquerda, a Expressão Popular é uma editora que tem como uma das suas missões disponibilizar e difundir os livros vermelhos. Em processo de reforma no novo espaço, a Livraria da Editora tem no catálogo mais de 700 títulos sobre marxismo, revolução, opressão às mulheres, reforma agrária e movimento socialista. Miguel Yoshida espera que o hábito de celebrar o dia do livro vermelho seja fortalecido a cada ano.
"Naquele primeiro momento, em 2020, a gente propunha a leitura especificamente do Manifesto. Depois a gente viu que existem mais livros vermelhos, que são esses livros críticos ao capitalismo e que nos possibilitam pensar outra forma de organização social, outra forma de vida. Então, a gente pode até dizer que o Dia do Livro Vermelho propõe uma construção de uma nova sociedade tanto na forma, que são as experiências coletivas, quanto no conteúdo, que é recuperando essa tradição de luta, pra gente conseguir pensar as nossas lutas atuais e construir uma nova sociedade", conclui o coordenador editorial.
Edição: Matheus Alves de Almeida