Genocídio

Ato pró-Palestina em São Paulo sobe tom contra Israel após 'massacre da farinha'; confira protestos pelo mundo

Forças israelenses mataram cerca de 100 palestinos que buscavam alimentos em comboios de ajuda humanitária

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Manifestantes em apoio à Palestina e contra o estado de Israel - Caroline Oliveira/Brasil de Fato

Na tarde deste sábado (2), manifestantes tomaram a Praça Oswaldo Cruz, na região central de São Paulo, em solidariedade ao povo palestino e contra as ações violentas do Estado de Israel. A ação ocorreu dois dias após as forças israelenses abrirem fogo contra uma multidão de palestinos que se reuniram na Cidade de Gaza para receber ajuda humanitária, nesta quinta-feira (29), matando mais de cem pessoas. O ataque vem sendo denominado como "massacre da farinha".

Nas palavras de Mohamad El-Kadri, presidente do Fórum Latino Palestino "o objetivo dessa manifestação é contra a carnificina que foi feita antes de ontem. Os famintos de três meses foram buscar alimento e forma assassinados pelas forças sionistas de Israel. Foi o cúmulo do absurdo. Viemos aqui para dizer que essa foi a gota d'água nesse genocídio que está acontecendo em Gaza e que o mundo tem que tomar uma atitude urgente e rápida para acabar com isso."

O presidente do fórum lamentou a cobertura da mídia comercial em relação aos ataques do exército de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, contra a Faixa de Gaza. "Nenhum palestino foi chamado para falar, e as mídias se dizem democráticas. A gente quer que eles ouçam a palavra dos palestinos, para romper o cerco midiático que estão fazendo no mundo todo contra os palestinos", afirmou. 

Sobre a declaração em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou o genocídio do povo palestino ao holocausto contra judeus por parte da Alemanha Nazista, El-Kadri afirmou que o presidente "levantou o que todo mundo já sabia, mas que ninguém tinha coragem". "Ele está gerando um novo tipo de debate, que é o cessar fogo imediato e a ajuda humanitária. Ele teve um papel crucial nisso, e a gente agradece pelo que ele tem feito."

El-Kadri também defendeu que o Brasil e outros países do Sul Global rompam relações diplomáticas e comerciais com Israel, como já fez a Bolívia. 

Soraya Misleh, integrante da diretoria do Instituto de Cultura Árabe (ICArabe) e da Frente em Defesa do Povo Palestino, também esteve na manifestação. "Como Mohamad falou, estamos aqui depois de uma cumplicidade histórica que permitiu que Israel se sentisse à vontade para partir para o genocídio em curso e uma limpeza étnica muito avançada na Cisjordânia, além do silenciamento das áreas ocupadas." 

Em suas palavras, a despeito de os ataques de Israel terem tomado uma proporção genocida desde outubro do ano passado, quando Hamas acatou o território israelense, são "75 anos desde a pedra fundamental da formação desse estado genocida e terrorista. Em 15 de maio de 1948 começou uma limpeza étnica planejada", afirmou.  

"Essa semana a gente viu ainda o massacre da farinha. As pessoas do entorno de um comboio humanitário sendo assassinadas enquanto tentavam se alimentar. São 2,4 milhões de palestinos submetidos ao bombardeio genocida ininterrupto e à fome. Mais de meio milhão estão em uma situação catastrófica de fome. A cada seis crianças, uma está numa situação aguda de desnutrição. Então nós precisamos imediatamente avançar muito e apoiar o povo palestino cada vez mais", afirmou Misleh. 

A jornalista Lia Ribeiro Dias também esteve presente no ato para prestar solidariedade ao povo palestino e "protestar contra o estado genocida de Israel", como disse. Ela também criticou a cobertura midiática sobre o conflito no Oriente Médio.  

"A mídia comercial é muito parcial e não retrata a realidade dos fatos. Esconde o massacre, esconde toda a atuação genocida de Israel, é pró-israelita, mas ainda bem que temos a mídia independente, que obviamente não tem o alcance da mídia corporativa, mas faz um certo contraponto, o que equilibra um pouco as coberturas."

"Não equilibra em termos de alcance, mas em termos de ser real ao que está acontecendo lá na guerra na Faixa de Gaza, que é um genocídio. São forças absolutamente desproporcionais e os palestinos estão encurralados, sendo dizimados por Israel", disse. 

Além de São Paulo, cerca de 100 protestos em todo o mundo marcam o Dia de Ação Global por Gaza neste sábado (2). Brasil, Argentina, Venezuela, Jamaica, África do Sul, El Salvador, Líbano, Havaí, Marrocos, Espanha, Porto Rico, Malásia, Coreia do Sul, Indonésia, Canadá, Suécia, Estados Unidos e Japão estão entre os países onde houve mobilizações. 

Fazem parte da convocação para o protesto o Movimento da Juventude Palestina, Assembleia Internacional dos Povos, Internacional Progressista, ALBA Movimentos, Pan-Africanismo Hoje, Via Campesina, Marcha Mundial das Mulheres - América Latina, Confederação Sindical das Américas e Liga Internacional de Luta Popular.  

Confira abaixo algumas das mobilizações ao redor do mundo.

 

Edição: Thalita Pires