Em tom de confronto, o presidente da Argentina, Javier Milei, lançou um pacote "anticasta" contra a classe política de seus país, durante a sessão de abertura dos trabalhos do parlamento argentino, na noite desta sexta-feira (1º). Em seu discurso, ele chamou o Congresso da Argentina de "ninho de ratos".
As declarações foram feitas em meio a manifestações contrárias ao presidente dentro e fora do Congresso. Na Praça 25 de Maio, o movimento estudantil expressou descontentamento com a política educacional de Javier Milei. Em outros pontos de Buenos Aires, houve convocações de panelaços contra o presidente.
No Congresso, Milei afirmou que continuará com as reformas econômicas, que vêm desagradando boa parte da população, com ou sem o apoio de políticos. "Nossas convicções são inabaláveis. Vamos ordenar as contas públicas com ou sem a ajuda do restante da liderança política", disse o presidente, que garantiu que utilizará "todos os recursos legais do Poder Executivo nacional" para implementar as reformas.
O programa "anticasta" inclui o fim de privilégios em aposentadorias de políticos e a proibição de candidaturas de pessoas condenadas por corrupção em segunda instância. Na mesma linha, os ex-funcionários públicos condenados nas mesmas condições também perderão os benefícios de aposentadoria.
A quantidade de assessores para deputados e senadores também será reduzida. O financiamento público dos partidos políticos, por sua vez, será extinto. "Se estão buscando conflito, conflito terão", disse Milei ao anunciar as medidas. "Quando encontramos um obstáculo, não vamos recuar, vamos continuar acelerando."
Milei também falou sobre as medidas econômicas adotadas nos primeiros meses de governo, que incluem ajuste fiscal e desregulamentação de diversos setores. Dirigindo-se aos argentinos, Milei pediu "paciência e confiança". "Ainda falta um tempo para que possamos ver os resultados do saneamento econômico e das reformas que estamos implementando", afirmou Milei.
No mesmo dia, Milei anunciou ainda o fechamento da agência pública de notícias Télam, que, em suas palavras, estaria sendo usada "como agência de propaganda kirchnerista". A empresa foi fundada em abril de 1945.
O Instituto Nacional contra a Discriminação, Xenofobia e Racismo (INADI) também foi fechado, conforme reiterou o anúncio do presidente. Milei chamou o órgão de "polícia do pensamento" que "gastou 2,8 bilhões de pesos para manter militantes pagos".
Edição: Thalita Pires