CRISE CONSTANTE

Haiti: controlado por gangues e com premiê desaparecido, comunidade internacional pede ação para conter o caos

Brasil, ONU e OEA cobram o envio de forças para estabilizar o país mais pobre do continente em meio à crise de segurança

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Os combates entre gangues e a polícia ocorrem desde domingo em Porto Príncipe - AFP

Governos de Brasil, Estados Unidos e órgão internacionais como as Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) acompanham com preocupação os acontecimentos na capital do Haiti, Porto Príncipe. Desde que a fuga de cerca de quatro mil presos no sábado (2) levou o país a declarar estado de emergência no dia seguinte, a cidade mergulhou no caos e registra confrontos em diversos pontos. O toque de recolher vigora, em tese, até a próxima quarta (6).

A crise no país piorou com o desaparecimento do primeiro-ministro, Ariel Henry, desde a segunda-feira, três dias após assinar um acordo de cooperação na área de segurança com o Quênia

O estado de emergência foi decretado após os fugitivos, a maioria membros de gangues, invadirem prédios públicos, matando pelo menos 12 pessoas. Eles alegam estarem pressionando pela renúncia de Henry. Calcula-se que os grupos armados controlem cerca de 80% da capital. Ocorrem inúmeros confrontos entre as gangues e a polícia.

A presença de grupos armados cresceu bastante no Haiti desde 2020. Entre os presos fugitivos, estavam gangues acusadas de matar o então presidente do país, Jovenel Moïse em 2021.

Brasil

O Itamaraty cobrou que a comunidade internacional atue de fato para ajudar o país, com o envio de uma missão internacional de segurança.

"Ao recordar seu histórico compromisso com a estabilização do Haiti, o Brasil conclama a comunidade internacional a adotar, com urgência, passos concretos para apoiar o país, em particular por meio da implementação da Resolução 2699 (2023) do Conselho de Segurança da ONU, que cria a Missão Multinacional de Apoio à Segurança no Haiti (MSS), bem como por meio de ações em prol do desenvolvimento do país."

O governo brasileiro também cobrou das lideranças haitianas que contribuam para a realização de eleições assim que a situação de violência esteja minimamente contornada, para garantir segurança a eleitores e candidatos. A embaixada em Porto Príncipe disse que está em contato com a comunidade brasileira no país e não há registro de incidentes com cidadãos do Brasil. 

Comunidade Internacional

A crise no país mais pobre das Américas foi comentada por outras lideranças regionais. Os EUA disseram estar "acompanhando com grande preocupação a rápida deterioração da situação de segurança no Haiti". O comentário foi feito pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby.

O secretário-Geral da ONU, António Guterres também se disse preocupado e pediu "uma ação urgente, especialmente para dar apoio financeiro à missão multinacional de segurança".

Já a OEA, disse ser "irresponsável que continuem demorando as medidas e as ações necessárias" para estabilizar o Haiti.

A vizinha República Dominicana - único país a ter fronteira terrestre com o Haiti - disse ter reforçado a presença militar na borda.

Edição: Matheus Alves de Almeida