EXPANSÃO

Armazém do Campo movimenta Belém do Pará com carimbó, orgânicos e muita festa

Segundo o MST, unidade chega para ser mais um espaço de comercialização e fortalecimento da reforma agrária no país

Ouça o áudio:

Os produtos do Armazém do Campo são oriundos de cooperativas, acampamentos e assentamentos do MST - Rafael Monteiro
Não é só um armazém para a venda de produtos, é um armazém cultural, educativo e de inclusão

Iniciativa nacional de comercialização do Movimento Sem Terra com o objetivo de oferecer alimentos saudáveis nos centros urbanos a preços justos e acessíveis, a rede Armazém do Campo se espalha pelo país e chegou, agora, ao estado do Pará.

A primeira unidade foi inaugurada em Belém (PA), no bairro Cremação, e passa a funcionar de quarta a domingo, com produtos orgânicos e agroecológicos de assentamentos e acampamentos da reforma agrária, vindos de outros estados, mas especialmente desde o sudoeste do Pará até a capital Belém.


A ex-deputada federal Vivi Reis, da Executiva Nacional do Psol prestigiou o espaço / Rafael Monteiro

Inaugurado no dia 13 de janeiro, a festa contou com uma programação que se estendeu desde a manhã até o findar da noite, com a presença de centenas de pessoas, entre representantes políticos, sociais, sindicais, culturais e vizinhança em geral.

 “É muito importante que nós tenhamos esse espaço de resistência, que combata a criminalização que hoje vivemos em relação ao MST. O Movimento sem-terra é sinônimo de luta, de garantia de território, de garantia de reforma agrária e também de comida saudável na mesa”, contou Vivi Reis, que compõe a Executiva Nacional do PSOL e almoçou no Armazém do Campo.


Coletivos de cultura popular reforçam a importância de espaços de resistência / Carlinhos Luz

Entre frutas, legumes e hortaliças fresquinhos, a inauguração contou com seis atrações culturais, que tiveram início com a participação do Coletivo Tem Mulher Na Roda de Samba, em homenagem à sambista, feminista e grande defensora do Sistema Único de Saúde (SUS) no estado, Karen Tavares, vítima de leucemia que deu nome ao espaço cultural do Armazém.

No ano em que o movimento completa 40 anos de luta e resistência no país, o público que prestigiou a inauguração também deixou seu recado de apoio e fortalecimento à luta pela reforma agrária.


O espaço fortalece os 40 anos do Movimento Sem Terra no país e a produção de alimentos / Carlinhos Luz

“Nesses 40 anos, o MST inaugura esse espaço extraordinário no coração de Belém, esse armazém, que não é só um armazém para a venda de produtos, é um armazém cultural, educativo e de inclusão. E como professor da Universidade Federal do Pará eu fico muito orgulhoso, temos parceria, trabalhos coletivos com o MST, que sem dúvida é um movimento que tem sido um grande instrumento de mobilização da classe trabalhadora no Brasil”, aponta o vice-reitor da Universidade Federal do Pará, Gilmar Pereira.

Representando o governo do estado, o secretário de Agricultura Familiar do Pará, Cássio Pereira declarou apoio à iniciativa e, especialmente, ao fortalecimento da produção dos acampamentos e assentamentos de reforma agrária, a base de sustentação e vida aos armazéns.

“O que a gente vê aqui com a inauguração do nosso Armazém é a possibilidade de os assentados da reforma agrária oferecerem produtos de qualidade, produtos orgânicos, agroecológicos, trazendo isso para a cidade. E a oportunidade que a gente está vendo aqui, centenas de pessoas, consumidores de Belém, podendo vir ao Armazém adquirir produtos com qualidade excelente”, declarou Cássio.

Desde a inauguração, o espaço tem chamado atenção pela diversidade de produtos e a possibilidade de diálogo entre campo e cidade. E, justamente, essa é a aposta do MST do Pará, que já visualiza a abertura de novas unidades na região amazônica, apresentando toda a diversidade dos povos da floresta.


Em todo o país, os espaços do Armazém do Campo fortalecem o diálgo entre campo e cidade / Carlinhos Luz

Da direção nacional do MST no estado, Jane Cabral reforça a importância da abertura de mais Armazéns do Campo na região amazônica para a abertura de diálogo com a sociedade e combate à violência no campo, considerando que esse é o segundo, ao lado da unidade de São Luís, no Maranhão.

“É a partir desses produtos que virá o diálogo com a sociedade, porque aqui é uma produção que vem carregada de história, ela vem carregada da luta pela terra, da luta pela reforma agrária. Com isso a gente acredita que vai poder avançar em mais Armazéns do Campo aqui na região amazônica, que também é uma região altamente sacrificada pela distância geográfica que tem das demais regiões do país”.

Para além de um espaço de comercialização, o MST reforça constantemente que a rede Armazém do Campo representa a luta pela terra, a produção saudável e a vida pulsante nos acampamentos e assentamentos de todo o Brasil.

“E toda essa história, queremos trazer nesse espaço, que não é só um espaço, é uma história, aqui tem vida! Tem vida dos assentamentos e acampamentos do Movimento Sem Terra e queremos, com isso, estreitar ainda mais nossa relação com os povos da floresta”, complementa Jane Cabral.

 

SERVIÇO

Armazém do Campo – Belém (PA)

Local: Rua dos Pariquis, 3501, entre 14 de abril e 3 de maio, no bairro Cremação

Funcionamento: De quarta a sábado, das 9h às 19h e aos domingos de 10h às 14h

Mais informações: @armazemdocampo.pa

 

 

Edição: Douglas Matos