No Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras na Argentina nesta sexta-feira (8), a mobilização está focada em garantir as conquistas do movimento feminista no país, que conquistou a Lei do Aborto em dezembro de 2020 depois da intensa mobilização da "Maré Verde", frente aos retrocessos que se apresentam com o governo ultraliberal de Javier Milei.
"Estamos num histórico de 8M contra a extrema direita que hoje se materializa no governo de Javier Milei e Victoria Villarruel", diz o manifesto lido na Praça do Congresso em Buenos Aires diante de milhares de manifestantes. "Festejamos, novamente, a unidade feminista e esta jornada histórica de luta. Aqui estamos nessa praça e em todo o país em alerta e mobilizadas. Dizemos nem um passo atrás. De Milei não temos medo. Fomos maré e seremos tsunami."
Em entrevista à Julia Mengolini na rádio online Futurock, a ativista Luci Cavallero, integrante do coletivo NiUnaMenos, falou sobre a conjuntura do movimento feminista diante dos retrocessos enfrentados pelo governo de Javier Miliei e defendeu que a luta das mulheres deve se somar às demais lutas em curso na sociedade argentina.
"Penso que temos de nos envolver na luta popular, na luta geral. É necessário contribuir com o nosso conhecimento, o nosso vocabulário e colocar-nos num quadro geral para nos relacionarmos com outros para travar as batalhas que se avizinham”, defendeu.
O movimento feminista argentino tem se reunido desde 20 de dezembro em assembleias de bairros organizadas em diferentes pontos do país e teve papel fundamental nas manifestações de rua para derrotar o pacote de medidas ultraliberal de Milei conhecido como Lei Ônibus. No manifesto do 8M, convocam uma nova greve nacional "que unifique as lutas até derrotar todo o plano de Javier Milei."
O manifesto do 8M argentino também chama atenção para o desmonte feito por Milei, com o fechamento da agência pública de notícias Télam, do Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (Inadi), do Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (Incaa), e o Instituto Nacional de Assuntos Indígenas (Inai) e da demissão em massa na empresa Areolíneas Argentinas.
"Exigimos não ao fechamento do Inadi! Não ao fechamento da Télam! Não ao fechamento do Inai! Não ao fechamento do Incaa! Não à privatização do Banco Nacional! Não às demissões na GPS Aerolíneas Argentinas e não à privatização da Aerolíneas Argentinas!".
Machismo no 8M
O porta-voz da Presidência Argentina, Manuel Adorni, informou nesta sexta (8) que o salão inaugurado por Cristina Kirchner em 2009 para homenagear figuras femininas da história argentina passará a se chamar Salão dos Heróis.
Adorni disse que a decisão de alterar o nome foi tomada pela secretária-geral da Presidência, Karina Milei, e confirmou que “a sala continuará a pertencer à área de comunicações”. Diante da mobilização do 8M em frente ao Congresso Nacional, o deputado Leandro Santoro (União pela Pátria) ironizou em suas redes: "O salão não é mais das mulheres, mas a praça parece que sim."
*Com Página 12
Edição: Rodrigo Durão Coelho