Nesta sexta-feira (08), Dia Internacional de Luta das Mulheres, mais de 200 mulheres ocuparam a Assembleia Legislativa do Mato Grosso, em Cuiabá (MT). Durante a ocupação, a água do chafariz no parlamento estadual foi tingida de vermelho, para simbolizar a violência de gênero.
O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), organizador do protesto, afirmou que os deputados têm "as marcas sangrentas do latifúndio em nosso estado" devido aos projetos de lei aprovados na Assembleia Legislativa.
Elas também manifestaram repúdio ao deputado estadual Gilberto Cattani (PL), que no ano passado comparou mulheres a vacas e bebês a bezerros, ao criticar quem defendia o direito ao aborto legal. "O que tem na barriga da minha vaca?", questionou o deputado durante sessão da Assembleia.
"Em vez de condenar os verdadeiros criminosos, que são os homens que estupram, o dito deputado ataca as vítimas. Cabe destacar que o Mato Grosso é um dos estados mais violentos contra as mulheres", afirmou em nota o coletivo feminino do MST.
Mato Grosso tem pior taxa de feminicídio no país
Um estudo divulgado ontem (7) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que o Mato Grosso tem o pior índice de feminicídio entre todos os estados brasileiros. A taxa matogrossense é de 2,5 mortes para cada grupo de 100 mil mulheres.
O protesto na Assembleia Legislativa também teve como alvo uma lei estadual sancionada pelo governador Mauro Mendes (União), que proíbe "invasores de terra" de acessarem programas sociais do Mato Grosso.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a lei visa, na verdade, restringir a luta coletiva pela reforma agrária, em um estado que tem um dos piores índices de concentração fundiária do Brasil.
Reforma agrária ameaçada por grileiros
Em 2023, grileiros invadiram o assentamento 12 de Outubro, do MST, regularizado pelo Incra na cidade de Cláudia (MT). Para as manifestantes, a Assembleia Legislativa tenta criminalizar os trabalhares do campo, em vez de resolver o verdadeiro problema de grilagem cometida por latifundiários.
Após o protesto, as mulheres se deslocaram para a sede do Incra e cobraram agilidade na reforma agrária. "Temos acampamentos com mais de 15 anos esperando uma atuação e posicionamento do órgão fundiário", divulgou o MST.
Os protestos desta sexta-feira (8) em Cuiabá integram a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres, que ocorre em todo o país entre 6 e 8 de março.
Edição: Matheus Alves de Almeida