A Venezuela teve em fevereiro uma taxa de inflação mensal de 1,2%. Foi o nível mais baixo registrado no país em quase 12 anos, desde agosto de 2012, quando ficou em 1,1%. Os dados foram divulgados pelo Banco Central da Venezuela.
A inflação mensal de fevereiro foi 0,5 ponto percentual menor que a de janeiro, quando foi de 1,7%. A desaceleração foi puxada pela variação nos preços de moradias (0,3%), ensino (0,8%) e alimentos (1%).
Os dados vêm na esteira de bons resultados da economia venezuelana. Em janeiro, foi anunciado que o crescimento do PIB de 2023 ficou acima de 5%, números comemorados pelo presidente Nicolás Maduro. Em discurso na Assembleia Nacional, ele afirmou que este "foi o maior crescimento da Américas Latina e do Caribe, outra conquista alcançada nos tempos de bloqueio".
A desaceleração da inflação venezuelana alivia o governo faltando quatro meses para as eleições nacionais, marcadas para 28 de julho, e indica que o momento mais delicado da crise econômica ficou para trás. A Venezuela chegou a registrar em janeiro de 2019 uma taxa mensal de 196,6%, a mais alta da série histórica iniciada em 2007.
Maduro disse em janeiro que a Venezuela “consolidará sua vitória definitiva contra a inflação voltando, com a ajuda de Deus, à inflação anual de dois dígitos”.
Institutos privados estimam que, com a baixa na inflação mensal, o índice anual também sofra uma queda e atinja a meta do presidente Nicolás Maduro. As projeções indicam que a taxa anualizada fique em 75,9% em fevereiro. Até a publicação desta reportagem, o Banco Central da Venezuela não havia divulgado os dados oficias sobre a taxa de inflação acumulada em 12 meses.
Os dados econômicos sofrem influência do bloqueio estadunidense e podem ser determinantes nas eleições de 2024. O cronograma eleitoral foi marcado nesta segunda-feira pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e tem papel determinante nas sanções dos Estados Unidos sobre a Venezuela. Depois do acordo assinado entre governo e oposição em Barbados em 2023, os EUA começaram a aliviar algumas das mais de 900 medidas coercitivas contra o país sul-americano, mas ameaçaram retomar algumas sanções se não fossem cumpridos os termos do documento.
O acordo de Barbados determinava que as eleições seriam realizadas no segundo semestre e que contaria com missões de observação da União Europeia, do Centro Carter e da Organização das Nações Unidas (ONU). Além de anunciar a data das eleições, o CNE convidou a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), Comunidade do Caribe (Caricom), União Africana, União Europeia, especialistas da ONU, Brics e o Centro Carter dos Estados Unidos para observar as eleições de 2024 no país.
Edição: Rodrigo Durão Coelho