DIA DE LUTA

8M: Jornada Nacional das Mulheres Sem Terra mobilizou 20 mil pessoas em todas as regiões do Brasil

Em 2024, Dia Internacional da Luta das Mulheres foi marcado por ocupações no Incra e protestos na Embaixada de Israel

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Projeto de Reforma Agrária Popular do MST guiou mobilização de mulheres sem terra em 2024 - Morgana Souza

A luta pela reforma agrária e a denúncia das opressões do capitalismo marcaram a Jornada Nacional das Mulheres Sem Terra, realizada entre os dias 6 e 8 de março, Dia Internacional da Luta das Mulheres, e organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 

O conjunto de atos, espaços formativos, protestos e ocupações mobilizou 20 mil pessoas nas cinco macrorregiões do Brasil - todas unidas pelo lema “Lutaremos: Por nossos corpos e territórios, nenhuma a menos!".

Protestos em frente a sedes estaduais do Incra, para cobrar reforma agrária, e na Embaixada de Israel, para denunciar o genocídio na Faixa de Gaza, foram algumas das ações com a participação das mulheres do campo e da cidade, que denunciaram a violência de gênero. 

“A violência pode ser vista nos despejos, na mudança de legislação como a do agrotóxico, do marco temporal e na violência cometida pelas invasões dos territórios; nas expulsões e em tantas outras formas de violência que esse capital tem nesse espaço. E isso tem impacto na violência contra os corpos das mulheres”, afirmou Lucinéia Freitas, da Direção Nacional do Setor de Gênero do MST.

As mulheres denunciam ainda a mercantilização dos territórios e da natureza, além de combater o patriarcado, o racismo e a LGBTfobia do capitalismo, do agronegócio e da mineração.

“Para nós, mulheres sem-terra, enfrentar a fome, enfrentar as mudanças climáticas passa, necessariamente pela reforma agrária e pela garantia do direito à terra e ao território. O problema da fome no Brasil não é a produção. O problema da fome no Brasil é a dinâmica da produção, que não é de alimento, mas de mercadoria”, enfatiza Lucinéia.

Todas as ações tiveram como guia o projeto de Reforma Agrária Popular do MST, que busca garantir a soberania alimentar do país, a partir da ocupação de latifúndios que não cumprem a função social da terra.

Dentro da Reforma Agrária Popular, as mulheres defenderam a criação de assentamentos voltados para a geração da vida e desenvolvimento no campo, com a produção de alimentos saudáveis, tendo como base uma matriz de produção agroecológica, em equilíbrio com a natureza e os bens comuns.

Panorama das manifestações pelo país 

Ao todo, as mobilizações ocorreram em 23 estados e Distrito Federal (DF). 

No Sul, o Paraná teve marchas e audiências públicas, e no Rio Grande do Sul as assentadas divulgaram manifesto. Em Santa Catarina, mulheres ocuparam a sede do Incra.

No Sudeste, uma fazenda foi ocupada em Minas Gerais e houve marchas no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. Em São Paulo, o movimento ocupou a Superintendência do Incra e organizou protestos em frente a revendedoras de armas de Taurus. 

No Centro-Oeste, Brasília registrou protestos contra a política israelense na embaixada do país. Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia também foram palco de manifestações.

Na Amazônia, mulheres Sem Terra protestaram no Incra no Maranhão, Pará, Tocantins e Roraima. Na sede do governo maranhense, 300 mulheres foram barradas pela Polícia Militar durante uma manifestação. 

No Nordeste, a Bahia testemunhou um acampamento em Salvador, enquanto Alagoas, Rio Grande do Norte, Piauí, Paraíba, Sergipe, Pernambuco e Ceará também participaram de atos e marchas que culminaram em ações em defesa dos direitos das mulheres e da reforma agrária.

Edição: Douglas Matos