ARTIGO

Por educação, pela vida e por democracia: mulheres vivas, estudantes na rua

A opressão contra mulheres, especialmente as negras, está profundamente enraizada no sistema capitalista patriarcal

Brasil de Fato | Larissa Vulcão* |
Para as mulheres jovens estudantes e trabalhadoras de hoje, o 8 de março simboliza o encontro entre a luta de classes e o feminismo - Camila Araujo

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é uma data enraizada na história das mulheres socialistas em todo o mundo e marca o início das mobilizações populares no Brasil. Esta data representa uma longa tradição de luta das mulheres por direitos, igualdade e justiça social. A luta organizada das mulheres remonta ao final do século XIX e início do século XX, quando se concentrava na busca pelo sufrágio universal e equidade nos direitos trabalhistas. 

Eu não posso ser feminista sem reconhecer o papel que o capitalismo e o racismo tiveram em moldar o patriarcado (Angela Davis)

Para as mulheres jovens estudantes e trabalhadoras de hoje, o 8 de março simboliza o encontro entre a luta de classes e o feminismo, reconhecendo as mulheres como sujeitas históricas centrais que desempenham um papel fundamental na transformação da sociedade.

No contexto atual, as mulheres enfrentam uma série de crises econômicas, políticas, ecológicas e sociais, que as afetam de maneiras desproporcionais. Elas são as principais vítimas da fome, violência e desastres ambientais. O 8 de março, como a primeira mobilização do ano, tem o potencial de elevar o debate sobre as realidades enfrentadas pelas mulheres brasileiras e impulsionar a elaboração de políticas públicas que abordem essas questões de forma eficaz.

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É importante reconhecer que a opressão das mulheres, especialmente das mulheres negras, está profundamente enraizada no sistema capitalista e patriarcal. As mulheres foram historicamente excluídas da política, economia e cultura, e a luta feminista abrange uma ampla gama de questões, incluindo a reforma agrária e a soberania alimentar. Movimentos liderados por mulheres, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), desempenham um papel crucial na defesa dessas causas. 

A violência de gênero continua sendo uma realidade brutal no Brasil, com estatísticas alarmantes de agressões contra mulheres. No país, 14 mulheres são agredidas a cada minuto que passa, uma realidade inaceitável e que precisa ser combatida. Os casos brutais de assassinatos de Carol e Julieta revelam o perigo e a crueldade que nós mulheres cis e trans, de diferentes orientações sexuais, estamos submetidas no país.

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As mulheres exigem não apenas direitos básicos, como salários dignos, moradia, educação e saúde pública de qualidade, mas também uma mudança estrutural que desafie as raízes da desigualdade de gênero e da injustiça social. Elas defendem uma representação política que não esteja comprometida com interesses econômicos elitistas e lutam pela revogação de reformas trabalhistas e previdenciárias que prejudicam os direitos das trabalhadoras.

Além disso, as mulheres reivindicam uma política abrangente de direitos reprodutivos, que inclua educação sexual nas escolas, acesso facilitado a contraceptivos e a legalização segura e gratuita do aborto. 

Internacionalmente, elas expressam solidariedade com mulheres em todo o mundo que enfrentam diversas formas de opressão, incluindo as mulheres palestinas que sofrem sob o jugo do estado de Israel. É fundamental reconhecer e combater a cumplicidade de potências globais, como os Estados Unidos e a Europa, na perpetuação desses crimes.

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Portanto, é de grande importância a participação de todas as mulheres na luta pelo fim do Capitalismo, patriarcado e todo o tipo de opressão. Também, defender um Feminismo Popular que seja representativo e amplo, onde as pautas perpassam desde a educação até a saúde da mulher, segurança e etc. Assim, alcançando não só as necessidades da Mulher Brasileira, mas também garantindo a visibilidade para as de outros territórios, como por exemplo as Palestinas.

* Larissa Vulcão é diretora de Mulheres da União Nacional dos Estudantes, militante do Levante Popular da Juventude e estudante da UFRJ.

Edição: Douglas Matos