HIPOCRISIA

Irã: Vetar pausa em massacre, mas enviar ajuda para Gaza é 'espetáculo ridículo' dos EUA

No Oscar, vencedor de Melhor Filme Estrangeiro critica a ocupação israelense

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ao menos cinco palestinos morreram ao serem atingidos por pacotes de ajuda dos EUA lançados em Gaza pelo céu
Ao menos cinco palestinos morreram ao serem atingidos por pacotes de ajuda dos EUA lançados em Gaza pelo céu - AFP

O fato de os Estados Unidos vetarem sistematicamente resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) que pedem o cessar-fogo no massacre israelense na Faixa de Gaza e, ao mesmo tempo, anunciarem ajuda para os palestinos no território foi descrito pelo Irã nesta segunda-feira (11) como "um espetáculo ridículo".

"A ação simbólica dos Estados Unidos de enviar ajuda humanitária é um espetáculo ridículo e ao mesmo tempo amargo", disse Nasser Kanani, porta-voz da chancelaria iraniana.

"Por um lado, impedem o fim da guerra com o veto de resoluções no Conselho de Segurança da ONU e, por outro, tentam melhorar sua bélica imagem no mundo, enviando assistência humanitária de forma simbólica e ridícula."

"O mundo está consciente do papel dos EUA na criação e prolongamento da guerra de Gaza. Mais de cinco meses de ataques brutais por parte dos sionistas, infelizmente estamos assistindo a uma completa inação por parte da comunidade internacional, especialmente das Nações Unidas."

Os EUA já vetaram três resoluções pelo cessar-fogo e anunciaram planos para a construção de um porto para a entrada de ajuda humanitária no território palestino. Na  semana passada, militares dos EUA começaram a lançar pelos céus pacotes com alimentos. Um desses pacotes causou a morte de ao menos cinco palestinos, ao cair sobre uma residência.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Oscar

Na cerimônia do Oscar, na noite de domingo (10) nos EUA, o diretor britânico Jonathan Glazer, vencedor na categoria de Melhor Filme Estrangeiro com Zona de Interesse, criticou a ocupação israelense durante seu discurso.

"Nosso filme mostra como a desumanização leva ao pior cenário, moldando nosso passado e presente. Neste momento, estamos aqui como pessoas que refutam que o seu judaísmo e o Holocausto sejam sequestrados por uma ocupação que levou muitas pessoas inocentes ao conflito, sejam os israelenses vítimas do 7 de outubro ou do ataque em Gaza", disse disse Glazer, que é judeu.

O filme Zona de Interesse acompanha a vida de uma família nazista ao lado do campo de concentração de Auschwitz.

Cisjordânia

Nesta segunda, dia em que começa o mês sagrado dos muçulmanos, o Ramadã, Israel mobilizou 23 batalhões militares no território palestino ocupado da Cisjordânia, no que foi descrito pelo Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Nacional Palestina (ANP) como "provocação".

"Com estas práticas de provocação e escalada, (Israel) acende novas tensões injustificadas no campo de batalha, especialmente porque seus postos de controle militares e portões de ferro não têm função de segurança", afirmou em comunicado.

No domingo, o governo Netanyahu anunciou que pretende prender "milhares" de palestiinos em Gaza e na Cisjordânia até o final do ano. Foi ordenada a construção de um grande número de celas de detenção para acomodar os futuros presos.

Edição: Nicolau Soares