TRÊS POR QUATRO

Genoino vê queda em pesquisas como alerta, mas não como 'fim do mundo' para Lula 3

Para ex-presidente do PT, polarização do país e mobilização popular são temas centrais para o debate político hoje

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Queda de Popularidade: Lula admite que não entregou promessas de governo, mas pede paciência - Foto: Ricardo Stuckert
Pesquisa Quaest indica que o bolsonarismo continua sabendo como mobilizar a sua base

“O governo adotou a linha de não polarizar, de não enfrentar, e ele perdeu pontos, porque o país vive um clima de polarização”, afirma o ex-presidente do PT, José Genoino, ao podcast Três por Quatro. O comentarista faz referência às recentes pesquisas que apontaram para a queda da popularidade da nova gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Dados levantados pela pesquisa Genial/Quaest mostram que a avaliação positiva do governo caiu de 54%, em dezembro de 2023, para 51%. Enquanto isso, a desaprovação da gestão subiu de 43% para 46%.

Na avaliação do convidado, o cientista político Rudá Ricci, os índices da Genial/Quaest não demonstram uma variação de avaliação significativa. “Se você retirar apenas o pico de avaliação positiva, que foi agosto do ano passado, quando estava em 60%, a média tem 53%, o que não é muito diferente da última pesquisa”.

Ainda assim, “a pesquisa Quaest indica algo muito importante, que o bolsonarismo continua sabendo como mobilizar e motivar a sua base”, comenta o cientista político. 

De outro instituto, a pesquisa IPEC divulgou os seguintes percentuais de avaliação do governo Lula 3: “ótimo” com 33%, “regular” também com 33% e “ruim” com 32%. O resultado não muda muito no levantamento AtlasIntel, no qual a avaliação positiva caiu de 52% para 47%, e a desaprovação subiu de 43% para 46%. 

Para o comentarista do Três por Quatro, José Genoíno, as pesquisas são um alerta, mas não são “o fim do mundo”.

Ao Brasil de Fato, Genoíno destaca ainda o posicionamento do presidente diante dos índices: “o Lula tem muita sensibilidade, ele admitiu que não entregou à população aquilo que tinha prometido, mas ele fala que o povo tem que ter paciência”.

Genoíno explica que falta para a gestão Lula 3 “engenharia política, um sistema de articulação partidária social, cultural e biológica para fazer um enfrentamento fora dos marcos institucionais”.

Segundo ele, o atual modelo de governabilidade “está em xeque pelas pesquisas”, que refletem “um momento de intensa disputa no país”. 

“No meu modo de entender, é possível enfrentar pontos delicados. Além da renda e salário, que é o principal problema, tem que enfrentar o problema dos preços e as medidas que devem ser tomadas no plano da democracia”, afirma o ex-presidente do PT.

José Genoino também acredita que, para que o governo Lula consiga “entregar o que prometeu, tem que fazer mudanças e transformações”. Inclusive, de acordo com o comentarista, “faltou um respaldo político das bancadas da Câmara, do Senado, do PT, dos partidos à esquerda e dos movimentos sociais”.

A resposta da esquerda

O cientista político Rudá Ricci avalia que o PT “não consegue mobilizar a sua base social e não consegue criar fato político”. Ele ainda completa: “No dia seguinte o bolsonarismo dá a sua versão e o lulismo não da versão nenhuma”.

“O governo Lula 3 é um pacto, é um pacto das elites, é um pacto da nova república, é um pacto que ele não consegue mais se sustentar, por isso o governo está em crise”, afirma.

Para Genoíno, uma das soluções é que a bancada do PT e dos partidos de esquerda se unam. “Tem que fazer um bloco na Câmara, esse bloco independente do governo que polariza, discute e fala para a sociedade”. 

E, ainda, Genoíno defende que é preciso estabelecer limites nos laços feitos com as outras alas do governo. Segundo ele, o governo não pode ceder em pautas dos direitos das mulheres, novo ensino médio, solidariedade aos palestinos, a comunidade LGBTQIA +, população negra, e o povo Yanomami. “É preciso estabelecer uma plataforma dos direitos do povo”.

Mobilizações populares pela democracia 

Movimentos populares e forças sindicais convocaram atos nas capitais do Brasil, no próximo dia 23 de março, em defesa da democracia e contra a anistia de condenados nos atos de 8 de janeiro. As manifestações são em resposta ao discurso de Jair Bolsonaro na avenida Paulista, no dia 25 fevereiro.

Em recente entrevista ao Brasil de Fato, João Paulo Rodrigues, liderança do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), destacou o grande ato como “um início de mobilizações populares que estamos fazendo, e um dos assuntos é o grito contra a anistia”.

“É uma forma muito clara dos movimentos populares de demonstrar força através da mobilização. Essa manifestação do dia 23 não tem pretensão de ser maior, igual ou menor que outras manifestações feitas por nós em outros momentos, muito menos que a dos bolsonaristas. As ruas sempre foram palco da esquerda e não podemos abandoná-las”, afirmou João Paulo Rodrigues.

No podcast Três por Quatro, José Genoíno endossa a afirmativa da liderança do MST. Segundo ele, “se essas frentes não se mobilizarem, se a gente não colocá-las na rua, nós não vamos construir isso com um laço do céu, nem como cogumelo após a chuva”.

O ex-presidente do PT declara: “o meu partido, por exemplo, tem que sair do Twitter e fazer articulações plenárias, reunir, fazer frente com esse processo”.

Novos episódios do Três por Quatro são lançados toda sexta-feira pela manhã, discutindo os principais acontecimentos e a conjuntura política do país. Veja outras edições neste link.

Edição: Matheus Alves de Almeida