O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou, no início da reunião ministerial, na manhã desta segunda-feira (18), sobre as investigações acerca da tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) na Presidência.
Lula disse que se alguém tinha dúvidas sobre o planejamento golpista, os depoimentos mostram a concretude dos riscos pelos quais o Brasil passou. Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantou o sigilo dos 27 depoimentos dados à Polícia Federal (PF) no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe.
Alguns dos depoimentos mais elucidativos são do ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, e do ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior. Ambos confirmaram à PF a participação de Bolsonaro na reunião que discutiu uma minuta golpista. As informações implicariam diretamente Bolsonaro na trama golpista que está sob investigação.
"Hoje nós temos mais clareza sobre o 8 de janeiro por depoimentos de gente que fazia parte do governo ou que estava no comando das Forças Armadas. Se há três meses, quando a gente falava que o golpe parecia insinuação, a gente tem certeza hoje que esse país teve riscos sérios de um golpe", disse Lula antes da reunião ministerial à imprensa.
O golpe "não ocorreu porque as Forças Armadas não aceitaram, mas também porque o ex-presidente é um covardão, não teve coragem de fazer aquilo que planejou. Fugiu para os Estados Unidos na expectativa que [com ele] fora do país o golpe poderia acontecer, porque eles financiaram as pessoas nas portas nos quarteis. Como não deu certo, agora estão dizendo que eram inocentes. Mas nós sabemos que houve a tentativa de um golpe", disse.
"Quem tinha dúvida, agora pode ter certeza. Por pouco esse país não voltou aos tempos tenebrosos em que as pessoas achavam que apenas com a participação de uns militares poderiam ganhar o poder desse país."
Lula também disse que o povo brasileiro "foi mais sábio" e deu ao governo a incumbência "não só de resolver o problema da educação, da agricultura, da saúde e da economia, mas da consolidação do processo democrático desse país. A democracia passa a ser uma cosia fundamental nesse país. O respeito às instituições que garantem o respeito à democracia".
Também teve destaque a situação em que Lula pegou o país, em janeiro do ano passado. "Alguns ministérios com menos da metade dos funcionários que precisavam, e a maioria deles sem políticas públicas, sem interesse em inclusão social."
O presidente disse que recebeu o país em "escombros". "O nosso primeiro ano foi de recuperação, e não foi fácil. Recuperar algo estragado é mais difícil de começar algo novo. Todo mundo sabe que ainda falta muito para gente fazer, diante de tudo aquilo que nós nos comprometemos a fazer durante a campanha eleitoral."
A fala ocorre uma semana após a divulgação da última pesquisa Datafolha, em que Lula perdeu sete pontos percentuais de aprovação na cidade de São Paulo em relação à pesquisa anterior. No total, 38% dos entrevistados paulistanos consideram a gestão petista ótima ou boa. Em agosto do ano passado, eram 45%. Agora, 34% consideram a gestão ruim ou péssima, ante 25% em 2023.
Edição: Matheus Alves de Almeida