DENGUE

Milei não faz plano de contenção e epidemia de dengue se espalha até a Terra do Fogo na Argentina

Enquanto o governo não executa nenhuma política de prevenção, este ano já conta com mais casos do que em 2023 

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O governo de Javier Milei não está realizando nenhum tipo de campanha de prevenção da doença - wikiCommons

O último boletim do Ministério da Saúde da Argentina indica que o total de casos de dengue nos últimos dois meses são equivalentes aos ocorridos ao longo de 2023, inclusive com casos registrados na província localizada no extremo sul, a Terra do Fogo. 

“Este é o último boletim de saúde, já superamos em apenas 2 meses o total do ano passado, 171.745 casos no total (145 mil em 2023). É uma pandemia mundial porque está em mais de uma região ou país. É epidemia na Argentina porque supera o número de casos esperados para este ano”, disse o especialista em Saúde pública Oscar Atienza em sua conta oficial do X (antigo Twitter). 

O especialista apontou que “deve haver pelo menos 300 mil casos não denunciados ou subclínicos. Portanto, realmente devemos estar superando os 500 mil casos”, e enfatizou: “É hora de fazer algo”. 

Dengue, região por região 

Atienza alertou que “há casos até na última província argentina, surpreendentemente até na Terra do Fogo. O pico vai continuar subindo pelo menos até meados de abril, onde vai diminuir, mas cair para zero”. 

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O boletim informou que na Região Sul do país houve um aumento de casos desde o final de 2023 até agora, alguns deles nativos. Esta foi a nona semana do ano “com tendência em ascensão”. 

A região do Nordeste Argentino (NEA) registrou “a continuidade de casos durante 2023 e 2024, com uma curva bimodal e com um aumento significativo de casos no final de 2023 e 2024”. Por sua vez, a Região Central teve um aumento acentuado de casos desde a primeira semana de 2024, “mais pronunciado do que o de 2023”, e sua tendência atual está em ascensão. 

Nas regiões do Noroeste Argentino (NOA) e Cuyo, foram relatados aumentos do número de casos desde 2023, que estão em ascensão. Segundo o relatório, foram identificados surtos de dengue em San Juan (Rawson) e San Luis (Villa Mercedes) desde as primeiras semanas de 2024, enquanto Mendoza notificou o primeiro surto no departamento (uma subdivisão admistrativa) de Guaymallén durante a nona semana, somando-se o departamento de Godoy Cruz na última semana. Sobre isso, Atienza publicou: “Sempre entre junho e novembro os casos diminuem, mas não para zero, sendo a hora de agir”. 

Variantes 

O especialista indicou que circulam no país três variantes de dengue, “o que é uma complicação para aqueles que tiveram dengue se chegarem a contrair uma segunda variante, o que os predispõe a desenvolver dengue grave”. 

“A incidência acumulada mínima é observada em menores de 4 anos, com 62 casos a cada 100.000 habitantes, e um máximo de 335 casos a cada 100.000 habitantes entre os 25 a 34 anos”, diz o relatório. 

Analisando o quadro estatístico de mortes, já houve 79 no momento da publicação do boletim. Atienza criticou a gestão de Javier Milei: “O total de mortos é de 79, poderia ser zero, este é o caso de pessoas que morrem pelo que não deveriam morrer”. 

O número de mortes por província foi computado da seguinte forma: Buenos Aires (17), Misiones (14), Chaco (13), Corrientes (8), Córdoba (7), Formosa (5), Santa Fe21 (5), Santiago del Estero (2), CABA (4), Tucumán (1), San Luis (1), Salta (1), Entre Ríos (1) (Gráfico 9). “A letalidade até o momento (quantidade de casos de mortos em relação ao total de casos notificados) é de 0,07%”, detalha o boletim. 

Vale lembrar que o governo nacional não está realizando nenhum tipo de campanha de prevenção desta doença quando retirou de seu orçamento o investimento em publicidade. “São campanhas importantes de informação para a sociedade, para que todos saibam como prevenir”, expressou o especialista, e disparou: “Não deem ouvidos aos terraplanistas, a dengue é muito séria, o que não é sério é Adorni colocando em dúvida a vacina aprovada pela Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (ANMAT)”. 

Com esta última frase, ele compartilhou uma publicação na qual Manuel Adorni, porta-voz presidencial, disse que “não a vê" a vacina contra a dengue "como necessária” e reiterou: “A eficácia não está comprovada”. 

Sintomas frequentes 

Os sinais mais frequentes entre os casos mortais com informação clínica completa foram*: febre maior ou igual a 38°, cefaleia, dores musculares, diarreia e dor abdominal. 

Em menores de 16 anos, 55% dos casos apresentaram alguma manifestação gastrointestinal. Outros sintomas frequentes relatados no boletim incluem: náuseas, vômitos, dor ocular, artralgia e mal-estar geral. 

Os pacientes que já tiveram infecção por dengue podem estar mais expostos, especialmente se forem afetados por sorotipos diferentes. Outro sinal de alerta é o aparecimento de sangramento. Os fatores de risco também influenciam na gravidade, sendo recomendável ir ao pronto-socorro em caso de manifestação de sintomas e ao ser paciente de risco. Há depoimentos de pessoas que estiveram mais de dez dias com febre de 40°.