A Rússia realizou um grande ataque contra instalações de infra-estruturas energéticas na Ucrânia nesta sexta-feira (22), incluindo a maior central hidrelétrica do país, na região do Dnepro. Kiev classificou o ataque como o maior ataque dos últimos tempos, se não de toda a guerra.
A ofensiva foi confirmada pelo Ministério da Defesa russo que destacou que um dos maiores ataques ocorreu em instalações na região de Kharkov.
"Um ataque massivo foi realizado com armas aéreas, marítimas e terrestres de alta precisão e longo alcance e veículos aéreos não tripulados contra instalações de energia, o complexo militar-industrial, entroncamentos ferroviários, arsenais, locais de implantação das Forças Armadas Ucranianas e estrangeiros mercenários", informou a pasta.
O ministério também destacou que as ferrovias ucranianas relataram interrupções nos trens na região de Kharkov e a operadora de transmissão de eletricidade da Ucrânia "Ukraenergo" informou que o seu sistema energético sofreu o maior ataque "de todos os tempos".
Ainda de acordo com o Ministério da Defesa russo, o ataque serviu para atingir e interromper "trabalho das empresas que produzem e reparam equipamento militar", além de destruir "as armas fornecidas pelos países da Otan".
Os bombardeios acontecem em retaliação aos ataques ucranianos no território russo, em particular na região fronteiriça de Belgorod, atingidas desde a semana passada. O Ministério da Defesa disse que no total, de 16 a 22 de março, o exército russo realizou 49 ataques retaliatórios.
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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por sua vez, declarou nesta sexta-feira (22) que os militares russos lançaram cerca de 90 mísseis de vários tipos e mais de 60 drones kamikaze. Estes números foram confirmados pela Força Aérea das Forças Armadas Ucranianas. De acordo com Kiev, apenas 92 dos 151 alvos aéreos foram abatidos.
Já na noite da última quinta-feira (21), as tropas russas lançaram um ataque com mísseis contra Kiev. A capital da Ucrânia foi atacada pela primeira vez em 44 dias. Segundo o prefeito de Kiev, Vitaliy Klitschko, 10 pessoas ficaram feridas nos distritos.
Kremlin admite que Rússia está 'de fato' em guerra
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou nesta sexta-feira (22) que a Rússia está "de fato" em estado de guerra. É a primeira vez que uma autoridade de alto escalão da Rússia admite que não se trata somente de uma "operação militar especial", termo oficial usado por Moscou desde o começo do conflito na Ucrânia.
De acordo com Peskov, o estatuto jurídico da "operação militar especial" não muda. No entanto, "de fato, para nós isto se transformou em uma guerra".
"Basicamente, depois que o Ocidente coletivo entrou em tudo isso, tudo se transformou em uma guerra. De jure [pela lei] é uma 'operação militar especial'. De fato, para nós, isto transformou-se numa guerra depois de o Ocidente decidiu aumentar cada vez mais diretamente o nível do seu envolvimento no conflito. Ou seja, as mudanças ocorreram em essência, e não no sentido jurídico", declarou o porta-voz em uma entrevista ao jornal Fatos e Argumentos.
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Dmitry Peskov ainda destacou que Moscou não pode permitir a existência de um Estado nas suas fronteiras que "documentou a sua intenção de utilizar quaisquer métodos' para tirar a Crimeia e novas regiões da Rússia.
Desde o começo do conflito, o termo "guerra" era praticamente proibido de ser usado na Rússia para designar o conflito iniciado por Moscou na Ucrânia. Por isso, todos os meios de comunicação oficiais russos utilizam o termo "operação militar especial", podendo sofrer ações criminais se não o fizerem. Pessoas chegaram a ser detidas, processadas e/ou multadas por fazer apelos anti-guerra durante os últimos dois anos.
Ao responder sobre o que fazer com os condenados por apelos anti-guerra, em particular pelos slogans "Não à guerra", o porta-voz do Kremlin disse que "o contexto é completamente diferente".
"A palavra 'guerra' é usada em diferentes contextos. Basta comparar qual contexto eu tenho e qual é o contexto nos casos que você cita", afirmou.
Edição: Rodrigo Durão Coelho