Familiares, amigos e integrantes da comunidade escolar do Colégio Estadual Walde Rosi Galvão, de Pinhais, realizaram no dia 22 (sexta) uma homenagem em memória da professora Leocadia Martins de Sousa, que faleceu no dia 12.
O ato também denunciou a precarização das condições de trabalho nas escolas do Paraná. Como já foi denunciado em outros momentos, pela reportagem do Brasil de Fato Paraná.
Segundo participantes da homenagem, ações adotadas pela Secretaria da Educação (Seed) têm levado ao adoecimento dos profissionais da educação e provocado até casos extremos, como a morte dos trabalhadores.
“Nosso intuito é chamar a atenção para a saúde mental dos professores. Muitos estão adoecendo. É preciso fazer uma investigação sobre a sobrecarga de trabalho, casos de assédio, coisas que acontecem e vão deixando os educadores doentes. É preciso dar uma atenção maior para não deixar isso acontecer”, disse Ana Paula de Souza, irmã de Leocádia.
“A Leo era uma pessoa incrível. Ela sempre foi muito envolvida em pensar projetos, atividades para motivar os alunos, pensando sempre em melhorar a educação, mas também fazer da escola um lugar que eles gostassem de estar”, conta Andreia Ribeiro Pimentel, professora da rede estadual e amiga de Leocádia.
Segurando duas faixas, a família permaneceu em frente à escola e recebeu abraços e mensagens de solidariedade de profissionais do estabelecimento, alunos e membros da comunidade que passavam pelo local.
A manifestação foi acompanhada por dirigentes do Núcleo Sindical da APP Metronorte.“Esse momento de homenagem registra o papel de um professor, o quanto ele é importante para sua comunidade, para a escola e para seus estudantes. Outro ponto é a denúncia de um descaso com a saúde dos profissionais da educação”, disse Vandré Alexandre Benedito da Silva
Para o dirigente, ações adotadas pela Secretaria de Educação, como imposição de metas, números, plataformas e gerenciamento empresarial estão relacionadas com a piora do ambiente de trabalho e da saúde dos educadores(as). “A escola não funciona assim, a escola é humana, ela não é números”, diz.
“A gente vem lutando contra a forma como as plataformas vêm sendo impostas e resultando no adoecimento da categoria. Os professores não têm mais sossego e acabamos perdendo a professora Leocádia por conta de tanta imposição e ter que atingir resultados. Pode não ter sido a causa oficial, mas colaborou para a gente acabar perdendo uma profissional aí tão querida no colégio”, completou Tania.
Presente nas lutas
A professora Leocádia faleceu aos 46 anos. Ela lecionava a disciplina de Geografia. Tinha 21 anos de carreira no quadro próprio do magistério. Em nota divulgada na semana passada, a direção estadual da APP lamentou o ocorrido, manifestou solidariedade aos familiares e amigos e destacou a dedicação da profissional, lembrando ainda que ela sempre esteve presente nas lutas da categoria.
Segundos os relatos de pessoas próximas a professora, o quadro de saúde dela se agravou no início deste ano, após a Secretaria da Educação descontar do salário da docente por ausências para tratamento de saúde. “Ela ficou arrasada porque descontaram do pagamento dela dias que ela disse que estava de atestado. Ela ficou sem chão, contou que não esperava. Ali foi a gota d’água”, relata uma amiga.