O presidente Luiz Inácio Lula da Siva anunciou ao lado do mandatário francês, Emmanuel Macron, parceria entre os países que prevê a troca de tecnologia para a construção no Brasil de um submarino de propulsão nuclear.
"Diga aos franceses que o Brasil quer o conhecimento da tecnologia nuclear, não para ter guerra, mas para garantir aos países que querem paz, que o Brasil estará ao lado de todos eles", disse Lula ao presidente francês ao final de seu discurso.
Lula destacou que um "problema de animosidade contra o processo democrático", afeta tanto o Brasil como o resto do Planeta, e destacou que a parceria com a França "vai permitir que dois países importantes se preparem para que a gente possa conviver com essa animosidade sem nos preocupar com qualquer tipo de guerra porque somos dois defensores da paz."
Os presidentes acompanharam o lançamento do submarino Tonelero, no complexo militar de Itaguaí no Rio de Janeiro (RJ). Esse é o terceiro submarino fabricado por meio do acordo de cooperação entre os dois países. O quarto submarino deve ser lançado no próximo ano e, após a conclusão desta etapa, terá início a parceria para a construção do primeiro submarino de propulsão nuclear no Brasil.
Macron destacou que a parceria representa para a França uma "transferência inigualada de tecnologias". "Jamais compartilhamos tanto nosso conhecimento do que com o Brasil e temos muito orgulho de tê-lo feito". Macron destacou que a parceria entre os países foi muito além do compartilhamento industrial e classificou como uma "parceria estratégica equilibrada" e o compartilhamento de tecnologia nuclear seria uma "nova página" dessa estratégia.
"Espero que possamos abrir o capítulo de novos submarinos, o quarto, o quinto. A propulsão nuclear deve ser contemplada, respeitando os compromissos mais exigentes contra a proliferação de armas nucleares. É um âmbito que existe, a França estará ao vosso lado."
Macron ressaltou em seu discurso que França e Brasil compartilham "um destino comum", pois rejeitam que o mundo seja o prisioneiro do conflito entre duas grandes potências. "Queremos defender nossa independência e nossa soberania e, junto com isso, defendemos o respeito pelo direito internacional em todo o mundo".
"Nesse mundo cada vez mais desorganizado, nós temos que ser capazes de falar da firmeza, da força. Porque somos potências que não querem ser os lacaios de outros. Nós temos que saber defender com credibilidade a ordem internacional. Essa visão geopolítica que é a nossa, a de grandes potências que cooperam por uma ordem internacional com seus equilíbrios, que rejeitam essa divisão do mundo."
Macron chegou ao Brasil nesta terça-feira (26) em sua primeira visita ao Brasil e foi recebido por Lula em Belém (PA), cidade que sediará a COP-30 em 2025. Ainda nesta quarta-feira, participa do Fórum Econômico Brasil-França, com o tema "A Transição para a Economia Verde", na sede da Fiesp, em São Paulo onde estarão presentes o vice-presidente Geraldo Alckmin e o Ministro da Economia, Fernando Haddad.
Na noite desta quarta, Macron participará da inauguração do Instituto Pasteur, na USP. A viagem do presidente francês se encerra na quinta-feira (28) com a assinatura dos acordos entre Brasil e França em Brasília.
Edição: Rodrigo Durão Coelho