A polícia do Equador reprimiu manifestantes contra o projeto de mina La Plata da região de Palo Quemado nesta terça-feira (26). Trabalhadores rurais e indígenas são contrários a iniciativa do governo de Daniel Noboa para concessão da exploração de ouro, cobre, prata e zinco para a empresa canadense Atico Mining.
De acordo com a Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), mais de 500 policiais estão na região. Ainda de acordo com a organização, eles atuam com o apoio de helicópteros e equipes militares.
O Ministério do Meio Ambiente do Equador tentou realizar uma consulta ambiental para autorizar a exploração da mina. Movimentos populares da região haviam se posicionado contra a ação do governo. O prefeito da cidade de Sigchos entrou com uma ação de proteção contra a consulta e o juiz Darwin Paredes, do estado de Cotopaxi, determinou a suspensão temporária da medida do governo. Ele também pediu que o Ministério da Defesa retire as tropas que estão na região.
O governo de Cotopaxi publicou um comunicado afirmando que os policiais e militares não usaram armas de fogo na repressão aos movimentos. De acordo com as autoridades, só foi usado gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Ainda de acordo com o governo, três pessoas ficaram feridas nas ações, mas todas as lesões teriam sido resultado de uso de armas caseiras pelos próprios manifestantes.
A ação da polícia foi justificada pelo chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas, Jaime Vela, a partir do estado de exceção assinado pelo presidente Daniel Noboa. Segundo ele, o país está submetido a uma medida que “limita o direito de liberdade de reunião, entre outra garantias”. Ele também afirmou que há grupos no local que poderiam estar “equipados com armas altamente perigosas”.
No entanto, o estado de exceção foi assinado em janeiro de 2024 para combater a escalada da violência no país após a morte de Fernando Villavicencio, candidato nas eleições de 2023, e uma série de rebeliões em presídios depois que Adolfo Macías Villamar, conhecido como "Fito", líder do grupo criminoso Los Choneros, fugiu da prisão.
Vaticano presta solidariedade
O Vaticano emitiu nota, por meio da Rede Episcopal Panamazônica, denunciando a situação dos manifestantes de Palos Quemados. A organização se diz a favor dos “criminalizados por exercer seu direito de levantar a voz e defender a paz e a justiça das famílias que vivem em povoados de Palo Quemado e Las Pampas”.
“Nos solidarizamos por aqueles que sofrem pela justiça e em defesa da natureza e da sua terra”, afirma o comunicado.
O documento pede ainda que o governo “respeite a vida e os direitos dos habitantes” e que “não imponha a ambição de poucos pela força, mutilando a vontade da maioria da população”.
Edição: Rodrigo Durão Coelho