Edneia Fernandes, 31 anos, morreu após ser baleada na quarta-feira (27) em uma ação policial em Santos (SP). A morte da mulher, que era mãe de seis filhos, engrossa a estatística de fatalidades da Operação Verão, que acumula mais de 50 óbitos.
O Boletim de Ocorrência (BO) diz que Edneia conversava com uma amiga em uma praça, quando recebeu um tiro na cabeça. Ela foi levada por testemunhas a uma unidade de pronto atendimento e em seguida transferida à Santa Casa de Santos (SP).
A PM-SP disse ao Brasil de Fato que no momento da morte os policiais trocavam tiros com dois homens em uma moto. A versão foi chamada de "mentira" pela prima da vítima, Thayna Santos, ao portal g1. Segundo ela, o único disparo partiu do policial da Rocam.
Conforme a PM, os homens da moto desobedeceram uma ordem de parada e atiraram contra os policiais. A corporação diz ainda que a dupla conseguiu fugir e que a motocicleta foi apreendida.
"Todas as circunstâncias relativas aos fatos são rigorosamente investigadas pelo 5º DP de Santos e pela Polícia Militar, que instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM). Exames periciais foram solicitados e, tão logo os laudos sejam concluídos, serão remetidos à autoridade policial para análise e esclarecimento do caso".
Operação Verão
A Baixada Santista vive uma onda de letalidade policial sob governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos). O crescente número de mortes se soma a denúncias de que a polícia estaria praticando tortura, execuções sumárias e alteração dos locais de morte.
Um protesto que pediu o "fim da violência e do racismo policial" ocorreu no dia 18 e março, quando as mortes registradas somavam 48 ao longo das operações Escudo e Verão da PM de São Paulo.
O governo paulista é contestado por sempre explicar as mortes como decorrentes de "confrontos" com criminosos.
Moradores da Baixada Santista, entidades de direitos humanos, movimentos sociais e a Ouvidoria da própria PM atestam que a operação é marcada por torturas e execuções sumárias.
Quando questionado sobre o encaminhamento destas denúncias à ONU, o governador Tarcísio ironizou: "pode ir na Liga da Justiça, não estou nem aí".
Edição: Rodrigo Chagas