O Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou na última segunda-feira (1º) que, em conjunto com o Ministério da Justiça e outros órgãos competentes, está "trabalhando na questão" de remover o grupo Talibã da lista de organizações terroristas.
De acordo com a pasta, a decisão final será tomada pela principal liderança política do país, o presidente Putin.
Anteriormente, o representante especial do presidente russo para o Afeganistão, Zamir Kabulov, informou que o Talibã foi convidado para o fórum "Rússia-Mundo Islâmico", que será realizado de 14 a 19 de maio na cidade russa de Kazan.
O movimento Talibã é classificado na Rússia como organização terrorista na Rússia desde 2003, quando seguiu a mesma decisão adotada pelo Conselho de Segurança da ONU.
Em agosto de 2021, o Talibã reassumiu o poder no Afeganistão após a retirada da ocupação militar dos EUA do país e da fuga do ex-presidente Ashraf Ghani para os Emirados Árabes Unidos. O grupo fundamentalista havia governado o Afeganistão entre 1995 e 2001, quando impôs uma visão radical da Sharia (lei islâmica que serve como diretriz para a vida de fiéis muçulmanos sunitas).
Entre as medidas adotadas pelo regime, obrigatoriedade de mulheres cobrirem todo o corpo com burkas, não poderem estudar, trabalhar ou circularem desacompanhadas de homens. Ficaram proibidas músicas, TVs ou atividades culturais não religiosas. Isolado, o regime caiu por se recusar a entregar aos EUA o chefe da Al Qaeda, Osama Bin Laden, acusado pelos ataques contra alvos estadunidenses de 11 de setembro de 2001.
O grupo havia nascido da resistência à invasão soviética nos anos 1980. Em outubro de 2021, Vladimir Putin disse que a Rússia estava "mais perto de tomar uma decisão" de retirar os talibãs da lista de organizações terroristas, mas esta decisão teria novamente de ser tomada na ONU. Na ocasião, Putin observou que a Rússia "coopera com representantes dos talibãs, convida-os a visitar Moscou e mantém contato com eles no próprio Afeganistão".
Nos últimos anos, representantes do Talibã realizaram regulares visitas a Moscou em outubro e depois visitaram a Rússia várias outras vezes em 2022 e 2023.
Nesta terça-feira (2), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que só será possível falar sobre a possibilidade de excluir os Talibã da lista de organizações terroristas depois de esta questão ter sido estudada.
"Vamos aguardar a conclusão do estudo e depois conversaremos sobre o posicionamento", disse o porta-voz aos jornalistas.
Edição: Rodrigo Durão Coelho