O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, finalizou nesta terça (9) visita oficial de dois dias à China. Após a reunião com o o seu homólogo chinês, Wang Yi, nesta terça-feira (9), o chanceler russo destacou que as relações entre seu país e a China atingiram um nível sem precedentes
"Vemos que graças aos líderes, as relações russo-chinesas de parceria abrangente e interação estratégica atingiram um nível sem precedentes, sem qualquer exagero. E com a reeleição de Vladimir Putin, seu fortalecimento abrangente prosseguirá, com garantias adicionais", afirmou.
O chanceler reforçou que a ligação entre os dois países é baseada no princípio do diálogo e supera "alianças político-militares da Guerra Fria".
"A nossa parceria estratégica baseia-se nos princípios do diálogo respeitoso, igualitário e de confiança, do apoio mútuo em questões que afetem interesses fundamentais dos nossos países. E a cooperação supera, como os nossos líderes afirmaram mais de uma vez, as alianças político-militares dos Guerra Fria e não é dirigida contra terceiros", observou o ministro.
O chanceler russo russo aproveitou a coletiva de imprensa após a reunião com Wang Yi para reforçar as críticas aos EUA e ao Ocidente, destacando a defesa de um mundo multipolar, uma agenda que une Moscou e Pequim na atual conjuntura internacional.
"As questões que estão sendo resolvidas pela Rússia e pela China relacionam-se diretamente com a luta para estabelecer uma ordem mundial multipolar justa, onde não há lugar para ditadura, hegemonia, práticas neocoloniais e coloniais", afirmou Lavrov, acrescentando que tais práticas são "usadas com todas as forças" pelos EUA e pelos países do Ocidente coletivo.
Ao abordar a guerra da Ucrânia, o ministro russo elogiou a proposta apresentada pela China, que previa 12 pontos para a resolução do conflito ucraniano, comparando-o com o plano de Volodymyr Zelensky.
"Confirmamos com os nossos colegas chineses a conclusão sobre a futilidade de quaisquer eventos internacionais, que não só não levam em conta a posição da Rússia, mas a ignoram completamente e promovem um ultimato absolutamente vazio, a 'fórmula de paz de Zelensky', e estão, portanto, completamente apartados de qualquer realidade", enfatizou.
:: Suíça confirma preparação de cúpula de paz sobre Ucrânia; Sul Global deve ter forte presença ::
Em novembro de 2022, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, durante cúpula do G20, listou condições para a "fórmula de paz ucraniana", incluindo a restauração da “integridade territorial da Ucrânia”, o controle sobre a região da Crimeia, e a retirada das tropas russas do seu território. Segundo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, a "fórmula de Zelensky representa, em essência, a rendição da Rússia".
A proposta chinesa, apresentada em fevereiro do ano passado, prevê o fim das hostilidades, à retomada das negociações, o abandono da mentalidade da Guerra Fria, redução dos riscos estratégicos e o respeito à soberania de todos os países. Na ocasião, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou que Kiev não concorda com vários pontos do documento da China sobre a guerra, enfatizando que a Ucrânia vê o isolamento da Rússia como uma prioridade.
Serguei Lavrov também se reuniu com o líder chinês Xi Jinping, que avaliou positivamente "o estado das relações russo-chinesas, que continuam a desenvolver-se de forma dinâmica no contexto de uma situação difícil no mundo". Ele também destacou a sua disponibilidade para continuar "construindo uma parceria abrangente e uma interação estratégica com Rússia".
A reunião entre Lavrov e Xi Jinping foi realizada a portas fechadas e não houve entrevista coletiva entre os dois líderes. A agenda do chanceler russo na China foi precedida pela secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, esteve em Pequim na véspera e descreveu e emitiu uma advertência a Pequim em relação ao apoio à guerra da Rússia contra a Ucrânia, mas descreveu a sua viagem à China como produtiva.
Edição: Rodrigo Durão Coelho