A polícia argentina reprimiu violentamente nesta quarta-feira (10) um ato de movimentos populares na capital, Buenos Aires, que reivindicava o fim do corte às cozinhas populares, chamados de comedores. Informações preliminares indicam que ao menos 12 pessoas foram detidas e várias, feridas.
Há inúmeros relatos de brutalidade policial contra manifestantes, que se concentravam em frente ao Ministério de Capital Humano. As forças policiais, tanto federais como da cidade de Buenos Aires, lançaram bombas de gás lacrimogênio e dispararam balas de borracha e canhões d'água contra os participantes do ato na Avenida 9 de Julio, região central de Buenos Aires.
Um dos feridos foi o jornalista Diego Ricciardi, da Crónica TV, que recebeu um tiro de bala de borracha no rosto e disse ao jornal Tiempo Argentino que viu vários manifestantes sendo alvejados da mesma forma. "Eles foram detidos e, mesmo deitados no chão, continuaram a ser agredidos", disse ele.
AHORA 🚨 Brutal represión en la Avenida 9 de Julio a organizaciones sociales y políticas que se movilizan por la falta de alimentos en comedores.
— Tiempo Argentino (@tiempoarg) April 10, 2024
Las fuerzas de seguridad aplicaron el protocolo antihuelga como respuesta a los reclamos.
📹Prensa Obrera pic.twitter.com/SIiDTA6vg6
O argumento das forças de segurança para a violência, que, segundo a imprensa local, durou cerca de 20 minutos, foi que os manifestantes violaram o protocolo antipiquetes. O conjunto de regras repressivas foi anunciado pelo governo de Javier Milei poucos dias depois de tomar posse, em dezembro.
O protocolo proíbe o bloqueio de ruas e demais vias públicas no país por manifestações e protestos políticos. Quem fizer "piquetes" que impeçam a circulação total ou parcial pode ser preso em flagrante. "Sem liberdade não há ordem, e sem ordem não há progresso", dizia à época comunicado divulgado à imprensa por Patrícia Bullrich, então candidata derrotada à presidência e que passou a integrar o governo Milei.
Na manifestação desta quarta, a grande participação popular fez com que o ato tomasse parte da Av. 9 de Julio, até fecha-la totalmente. Isso deu início à repressão, ordenada pelo Ministério da Segurança, conduzido por Bullrich.
O protesto foi contra a política de Milei que sucateou os comedores. Cerca de 40 mil destas cozinhas comunitárias deixaram de receber alimentos do governo federal, e passaram a depender de apoios municipais e estaduais, além de doações.
A medida de Milei ocorre em um momento em que há um aumento do número de pessoas que recorrem aos comedores. Atualmente, cerca de 57% da população que se encontra atualmente abaixo da linha da pobreza, pior índice desde a grande crise de 2002.
Edição: Thalita Pires