O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, se encontrou nesta quarta-feira (10) com o o governador de Zulia e principal candidato de oposição das eleições venezuelanas, Manuel Rosales, em Caracas. A visita ao candidato do Un Nuevo Tiempo foi realizada após uma reunião do chefe do Executivo colombiano com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Com Rosales, o encontro foi exclusivamente para discutir as eleições da Venezuela, marcadas para 28 de julho. Os dois falaram sobre o cumprimento do acordo de Barbados e a não inscrição da ex-deputada María Corina Machado e da candidata indicada por ela, Corina Yoris. Machado está inabilitada pela justiça venezuelana por 15 anos e não teve encontro com Petro.
Apesar de Petro ter anunciado que se encontrou com diferentes setores da oposição, o Brasil de Fato apurou que o presidente da Colômbia teve uma reunião apenas com o grupo de Rosales. O chefe do Executivo venezuelano afirmou ter se reunido “talvez com os setores mais importantes neste momento”.
Petro disse também que está preparando uma “proposta democrática que permita a paz política” na Venezuela.
Em 2 de abril, o presidente da Colômbia criticou a impossibilidade de María Corina se candidatar e chamou a ação de um “golpe antidemocrático”. Ela está impedida de exercer cargos públicos por ter apresentado irregularidades na declaração de bens enquanto era deputada.
“O direito de escolha não é apenas individual. É da sociedade e hoje essa discussão está evidente nos acontecimentos da Venezuela para a senhora María Corina e outros anteriormente: ela foi inabilitada para participar de campanhas eleitorais pelas autoridades administrativas”, afirmou Petro.
A fala criou um desconforto diplomático entre os países, que trocaram farpas por meio das chancelarias. Na viagem à Venezuela, Petro se colocou à disposição para ser o mediador das eleições do país vizinho. Depois de se reunir com Maduro, o chefe do Executivo colombiano afirmou que o país pode ajudar na construção da “paz política” na Venezuela.
Em nota, a chancelaria venezuelana disse que Maduro detalhou ao colombiano os avanços no processo eleitoral venezuelano e disse que tudo está dentro das leis eleitorais venezuelanas e cumpre o que foi assinado no acordo de Barbados, discutido entre governo e oposição.
Oposição rachada
A disputa na oposição começou depois que a candidata indicada por María Corina Machado não pôde se inscrever. O seu grupo, Vente Venezuela, não está registrado como partido político no país, mas sim como um movimento político, que pode participar de atos, organizar eventos, mas não disputar eleições.
Como alternativa, ela podia buscar alianças e conseguir a indicação por meio de coalizão. María Corina recorreu ao grupo do qual o seu partido faz parte, a Plataforma Unitária que, no entanto, escolheu outro candidato, o ex-embaixador Edmundo González Urrutia. Depois, ela tentou o apoio do histórico opositor do chavismo, Manuel Rosales, para tentar fechar acordo, mas não só não recebeu aval do governador de Zulia, como o próprio Rosales se registrou para disputar o pleito.
Edição: Rodrigo Durão Coelho