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Tempero da Notícia: manutenção da prisão de Chiquinho Brazão é derrota de Lira e do bolsonarismo

Programa com o jornalista Rodrigo Vianna traz comentários sobre os principais acontecimentos políticos desta semana

Rodrigo Vianna é jornalista desde 1990. Durante sua trajetória, já passou pela Folha de S. Paulo, TV Cultura, Globo e Record - Willians Campos

Nesta semana, a Câmara dos Deputados decidiu, por 277 votos a favor e 129 contrários, manter a prisão de Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). Ele, o irmão Domingos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, foram detidos em flagrante sob acusação de serem mandantes da morte da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. 

A decisão pela manutenção da prisão foi apertada, motivada por manobras do presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL), e da base bolsonarista na Câmara. Apesar das substanciais provas apresentadas pela Polícia Federal, a extrema direita viu na prisão de Brazão um movimento contra a classe política. 

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Há quem diga também que a entrada abrupta da família Bolsonaro na defesa de Brazão se deve ao receio de que, preso, o mandante do assassinato de Marielle Franco faça uma delação premiada e possa entregar outros crimes cometidos no Rio de Janeiro. Para Lira, foi uma maneira de agradar a base bolsonarista às vésperas da eleição que decidirá seu sucessor à frente da Câmara dos Deputados.

Este é um dos destaques do Tempero da Notícia, programa produzido pelo Brasil de Fato, apresentado pelo jornalista Rodrigo Vianna.

Derrota importante contra o bolsonarismo

Uma derrota da base bolsonarista e uma vitória da democracia. É assim que alguns parlamentares definiram a manutenção da prisão de Brazão. A votação acontece na mesma semana em que o dono do X (antigo Twitter), Elon Musk, fez seguidos ataques às instituições brasileiras, principalmente ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Musk afirmou que Moraes é um "ditador" por pedir a derrubada de contas ligadas a extremistas, que cometem crimes nas redes sociais e que Moraes mantém o presidente Lula na coleira. O bilionário ainda disse que não cumprirá ordens judiciais no Brasil.

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A base bolsonarista encontrou no bilionário de extrema direita um parceiro no momento em que ela começa a se reagrupar. Por outro lado, para além dos aspectos políticos e ideológicos, Elon Musk tem interesses econômicos no Brasil, já que a China tem dominado o mercado brasileiro de carros elétricos. Além disso, o país tem reservas de lítio, matéria prima utilizada em baterias dos carros fabricados pela Tesla, também de propriedade de Musk.

Alexandre de Moraes, por sua vez, incluiu Elon Musk nos inquéritos das milícias digitais, que atentam contra a soberania do país.

Panela de Pressão

Quem vai para a Panela de Pressão desta semana novamente é Sergio Moro (União Brasil-PR). O senador obteve uma vitória no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná, que por 5 votos a favor e 2 contrários, rejeitou a cassação do mandato do parlamentar.

A decisão, no entanto, segue para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), onde Moro deve enfrentar mais dificuldades e pode, sim, ter seu mandato cassado. Este foi o mesmo caminho de Deltan Dallagnol (Novo-PR), que teve o mandato preservado no TRE e o perdeu no Tribunal Superior Eleitoral.

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Moro ganhou espaço para sua defesa na Rede Globo, a mesma que incensou suas ilegalidades à frente da operação Lava Jato. Mas sua expressão política segue diminuta e cada vez mais tem ficado em uma espécie de limbo da política brasileira.

Cafezinho

O Cafezinho desta semana vai para o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. O ministro entrou em um embate com Arthur Lira, ao afirmar que a derrota de Brazão na votação da Câmara significava também uma derrota do presidente da casa. 

Arthur Lira, por sua vez, se irritou e chamou o ministro, responsável pela articulação do governo com o Congresso, de "desafeto político" e "incompetente". 

O movimento de Padilha tenta enfraquecer Lira, em um momento onde se discute sua sucessão. Com o presidente da Câmara fraco, é possível que o governo atue com mais poder de decisão e influência na eleição e consiga emplacar nome de maior consenso na casa legislativa.

Onde assistir

Tempero da Notícia vai ao ar todas as sextas-feiras, às 20h, no canal do Brasil de Fato no YouTube e na TVT, canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.

Moradores do estado de São Paulo podem acompanhar o programa pela Rádio Brasil Atual (98,9 FM na Capital Paulista e 93,3 FM na Baixada Santista), nos mesmos horários.

As edições também estão disponíveis nas plataformas de podcasts e podem ser escutadas no DeezerSpotifyGoogle PodcastsItunes e Pocket Casts.

Edição: José Eduardo Bernardes