O presidente Gustavo Petro pediu nesta quarta-feira (17) a entrada da Colômbia no grupo dos Brics. O pedido foi feito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante reunião bilateral entre os dois em Bogotá.
Em nota conjunta, a Colômbia disse ter manifestado o interesse em se tornar um integrante pleno dos Brics "o mais rápido possível". De acordo com o texto, Lula se comprometeu a apoiar a entrada do país vizinho no grupo. Em conversa com jornalistas depois do encontro, Lula disse que vai voltar à Colômbia no final do mandato para discutir os avanços que tiveram durante o período e, "quem sabe, a nossa querida Colômbia possa participar dos Brics".
Formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em 2023 o grupo teve a sua primeira expansão em 12 anos. Durante a 15ª Cúpula do Brics na África do Sul no ano passado, o bloco anunciou a admissão, pela primeira vez desde que África do Sul entrou em 2011, de seis novos membros: Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. Estes países passaram a integrar formalmente o Brics a partir de 1° de janeiro de 2024.
A Argentina, no entanto, recusou o convite. Nesta quinta-feira (18), o presidente argentino Javier Milei anunciou que não vai fazer parte do grupo.
Segundo o presidente brasileiro, Colômbia e Brasil têm uma chance inédita de trabalhar para "unificar a América do Sul". Em discursos na abertura do Fórum Empresarial entre Brasil e Colômbia, os dois reforçaram a necessidade de os dois países ampliarem o comércio e coordenarem uma ação em defesa da floresta Amazônica.
Lula disse que vai convidar Petro para participar de reuniões do G20. Em 2024, o encontro do grupo das 20 maiores economias do mundo será realizada em novembro no Rio de Janeiro. O brasileiro também afirmou que vai participar da COP da biodiversidade em Cali, no final de outubro.
Venezuela em pauta
Outro assunto discutido foram as eleições na Venezuela. No final do mês passado, tanto Lula como Petro haviam criticado o processo eleitoral do país, afirmando estarem "preocupados" com o andamento do pleito.
Na declaração conjunta, os dois países disseram concordar com a proposta de Petro para a realização de um plebiscito antes do pleito de 28 de julho. A ideia é que a iniciativa garanta que o vencedor das eleições não persiga o perdedor, seja governo ou oposição. Petro já havia apresentado a ideia para Maduro e o opositor Manuel Rosales.
No texto, Brasil e Colômbia afirmaram que vão continuar dialogando com o governo e os “demais setores políticos” para seguir dentro do que foi estabelecido no acordo de Barbados, assinado entre governo e oposição em outubro de 2023..
Em entrevista depois do evento, Lula disse que os dois já discutiram esse assunto e "agora, nesse encontro, o mais importante é discutirmos a relação entre Brasil e Colômbia".
Lula e Petro também falaram sobre a questão em torno de Essequibo. Os dois afirmaram que vão incentivar Venezuela e Guiana a continuar o diálogo “para alcançar uma solução diplomática”.
Com 160 mil km², o território do Essequibo é objeto de disputa desde o século 19, mas a controvérsia ganhou novos contornos após 2015, quando a empresa estadunidense Exxon Mobil encontrou enormes reservas marítimas de petróleo na costa do enclave.
A Guiana, então, entregou concessões para que a empresa pudesse explorar as reservas que são estimadas em mais de 11 bilhões de barris de petróleo e fizeram o PIB guianês ser o que mais cresce no mundo, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI). A decisão desagradou Caracas, que alega que Georgetown não poderia ter emitido concessões de maneira unilateral em um território não delimitado.
Edição: Rodrigo Durão Coelho