Os Estados Unidos impediram nesta quinta-feira (18) o reconhecimento do Estado da Palestina como membro pleno da Organização das Nações Unidas (ONU). A votação do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, referente à resolução palestina incluiu a participação de 15 membros e contou com 12 votos, duas abstenções – Reino Unido e Suíça -, e um veto norte-americano.
De acordo com o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, Washington entende que um Estado Palestino independente deve ser criado por meio de “negociações diretas entre as partes”, ou seja, entre a Autoridade Palestina e Israel, sem interferências da ONU.
“Acreditamos completamente na solução de dois Estados e num Estado para o povo palestino. Acreditamos que a melhor e mais sustentável maneira de fazer isso é por meio de negociações diretas entre as partes”, explicou Kirby.
Caso a resolução avançasse, ela recomendaria que os 193 membros que compõem a Assembleia Geral, onde nenhuma nação tem poder de veto, aprovassem e tornassem a Palestina como o 194º integrante das Nações Unidas. Cerca de 140 países do organismo já reconheceram o Estado da Palestina, número que constitui os mais de dois terços necessários para que o pedido seja concretizado.
Trata-se da segunda tentativa palestina em se tornar membro pleno da ONU, e ocorre no momento em que as operações israelenses seguem intensas na Faixa de Gaza e colocam o conflito entre Israel e Palestina, que dura há mais de 75 anos, no centro do palco global.
“O fracasso em avançar em direção a uma solução de dois Estados só aumentará a volatilidade e o risco para centenas de milhões de pessoas em toda a região, que continuarão vivendo sob a ameaça constante da violência”, lamentou António Guterres, secretário-geral da ONU, ao conselho, acrescentando que as recentes escaladas dependem de um apoio maior dos “esforços de boa-fé para encontrar uma paz duradoura entre Israel e um Estado Palestino totalmente independente, viável e soberano”.
Desde 2012, a Palestina figura na ONU como “Estado observador não-membro”. O status é o mesmo que possui o Estado do Vaticano, por exemplo, e não permite que a representação palestina possa formar parte de instâncias mais importantes dentro do organismo, como o próprio Conselho de Segurança.
Rússia sobre EUA: 'a história não os perdoará'
Após o bloqueio norte-americano, a Rússia criticou que, com esta decisão, Washington está tentando “acabar com a vontade dos palestinos” e, consequentemente, forçando-os a se submeterem a Israel.
“Os Estados Unidos estão prontos para fechar os olhos para os crimes de Israel contra os civis de Gaza até o fim, para ignorar a atividade de assentamentos ilegais de Jerusalém Ocidental na Cisjordânia”, disse o representante permanente da Rússia na ONU, Vasily Nebenzia.
De acordo com o chefe da delegação russa, o objetivo dos Estados Unidos é “acabar com a vontade dos palestinos, forçá-los a se submeterem incondicionalmente à potência ocupante, transformá-los em servos e pessoas de segunda classe, e talvez até exterminá-los e expulsá-los de sua terra natal”.
Por outro lado, Nebenzia apontou que os resultados da votação sobre a resolução palestina, que contaram com amplo apoio a favor da soberania do Estado da Palestina, indicam que os Estados Unidos estão quase “completamente isolados”
“Isso é indigno de uma grande potência, e a história não o perdoará”, afirmou o representante russo.
(*) Com RT en Español e Ansa