Um tema que estava pendente e causando discussões dentro do governo teve um novo capítulo nesta sexta-feira (19). A Petrobras anunciou que, em reunião do Conselho Administrativo, foi aprovada a distribuição de 50% dos chamados dividendos extraordinários da empresa.
A decisão final sobre a medida será tomada na quinta-feira (25), durante a Assembleia Geral Ordinária.
Dividendos são parte dos lucros que uma empresa distribui a seus acionistas. É uma espécie de remuneração que companhias como a Petrobras e outras com ações negociadas em bolsa de valores pagam a seus sócios-investidores.
Em 2023, primeiro ano do novo governo Lula, a Petrobras lucrou R$ 124,6 bilhões – 33,8% menos do que os R$ 188,3 bilhões ganhos em 2022.
Do lucro de 2023, a administração da empresa decidiu distribuir a acionistas R$ 72,4 bilhões, deixando de fora os chamados dividendos extraordinários. A decisão se transformou em uma queda de braço entre membros do governo e a Petrobrás.
Segundo a nota divulgada pela estatal na sexta-feira, a decisão pela nova parcela de distribuição dos dividendos se justifica pela “evolução do Brent [Petróleo Bruto], do câmbio e outros fatores”.
O presidente Lula prometeu em sua campanha eleitoral recolocar a Petrobras num caminho voltado a investimentos e à segurança energética do país, algo que havia sido relegado a um segundo plano durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defende que a companhia segue comprometida com o retorno financeiro de seus acionistas –inclusive, da União, que detém 37% das ações da estatal. No entanto, argumenta que a Petrobras mudou sua política de pagamento de dividendos justamente para ter espaço financeiro para investir mais.
O que são dividendos?
Dividendos são parte dos lucros que uma empresa distribui a seus acionistas. É uma espécie de remuneração que companhias como a Petrobras e outras companhias com ações negociadas em bolsa pagam a seus sócios-investidores.
Em 2023, primeiro ano do novo governo Lula, a Petrobras lucrou R$ 124,6 bilhões – 33,8% menos do que os R$ 188,3 bilhões ganhos em 2022.
Do lucro de 2023, a administração da empresa decidiu distribuir a acionistas R$ 72,4 bilhões. Isso também é cerca de um terço dos R$ 222 bilhões distribuídos no ano anterior.
Essa redução tem explicação, segundo executivos da Petrobras e especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato. Primeiramente, está ligada à queda no lucro da Petrobras, que baixou os preços de combustíveis e investiu mais em 2023. Além disso, tem a ver com uma decisão da empresa, que alterou sua política de remuneração e ainda definiu, no início deste ano, poupar parte dos dividendos para distribuí-los futuramente.
Para quem compra uma ação da Petrobras visando um retorno rápido – um típico especulador –, essa mudança de postura é prejudicial a seus interesses. Acontece que hoje boa parte dos investidores da Petrobras enquadra-se neste perfil. A reclamação deles acabou ganhando força e pressionando a direção da estatal.
"Os acionistas da Petrobras estão com uma visão de curtíssimo prazo, olhando para a empresa apenas como uma distribuidora da riqueza e da lucratividade gerada a partir da renda do petróleo, sem ter uma visão estratégica tanto sobre o futuro operacional e financeiro da Petrobras quanto sobre o desenvolvimento ou uma aderência a qualquer ideia de desenvolvimento nacional e soberania energética brasileira", descreveu o diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma Ramos dos Santos.
Edição: Rodrigo Gomes