O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta segunda-feira (29) que a direita do país e os Estados Unidos estavam envolvidos com a corrupção na estatal petroleira PDVSA. Segundo ele, há “provas” de que essa articulação tenha sido feita para “roubar e desviar dinheiro” da empresa.
“Formou-se uma máfia muito corrupta que se aproveitou da confiança e do poder que lhes foi dado não só para desviar (dinheiro) do país, não só para roubar, mas foi articulada num plano com a direita extremista e com o governo dos Estados Unidos. Hoje se confirma com provas em mãos, com depoimentos. Eles têm conversas, videoconferências via Zoom e depoimentos dos envolvidos que contam a história de tudo”, afirmou.
Maduro disse que tudo o que foi descoberto até agora nas investigações “não representa 1%” do que a investigação já apurou. De acordo com ele, as investigações identificaram que essa articulação era feita desde janeiro de 2018.
O Ministério Público anunciou no começo de abril a prisão de Tareck El Aissami, ex-ministro do Petróleo e ex-presidente da PDVSA. Ele é acusado de participar de um esquema de corrupção. Segundo o procurador-geral da República, a segunda fase da operação PDVSA Cripto produziu evidências que ligam o ex-ministro e outros envolvidos no esquema de corrupção na estatal.
Também foram presos o ex-ministro da Economia e ex-presidente do Fundo de Desenvolvimento Social, Simón Alejandro Zerpa, e o presidente do banco digital Bancamiga, Samark López Bello. Eles seriam responsáveis pelas operações financeiras do esquema.
As falas de Maduro tem como base uma apresentação do Ministério Público nesta segunda-feira. O procurador-geral da República, Tarek William Saab, divulgou áudios dos envolvidos articulando o desvio de dinheiro da empresa com o fundador do partido opositor Vontade Popular, Leopoldo López.
Em publicação nas redes sociais, o chanceler venezuelano, Yván Gil, também defendeu a tese de que os EUA estão envolvidos com o esquema de corrupção na PDVSA. O secretário de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos, Brian Nichols, havia feito uma publicação contra a prisão de militantes do partido Vente Venezuela. Eles foram acusados de planejar atentados contra o governo e o Estado venezuelano.
Yván Gil disse que as declarações do estadunidense jogam uma “cortina de fumaça” na participação dos EUA na corrupção da PDVSA. “É uma manobra para tentar proteger seus fantoches e lacaios, na Venezuela e no mundo, responsáveis pela conspiração permanente contra o nosso país”, afirmou o chanceler em seu perfil na rede social X (antigo Twitter).
Durante o seu programa semanal “Con Maduro +”, o presidente também lembrou dos 5 anos da tentativa de golpe contra o Estado, encabeçada pelo ex-deputado Juan Guaidó e seu braço direito, Leopoldo López. Em 30 de abril de 2019, eles lideraram uma tentativa de golpe armado, começando pela tomada da Base Aérea Generalíssimo Francisco de Miranda, em Caracas. A chamada Operação Liberdade durou algumas horas e não conseguiu impor um novo presidente, mas serviu para liberar López da prisão domiciliar, facilitando sua posterior fuga do país.
“Eles roubaram aqui e deram dinheiro aqui, além do que roubaram com Guaidó. Isso é um escândalo, e a direita foi articulada”, disse Maduro.
Edição: Leandro Melito