Conforme manda a tradição, o 1º de Maio, data em que se celebra o Dia do Trabalhador, foi comemorado no país por entidades civis e populares em por todo o país. Em Brasília (DF), por exemplo, a Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF) organizou uma manhã de atividades políticas e culturais no Eixão do Lazer, um dos principais pontos da cidade. O evento reuniu cerca de 1000 pessoas e contou com a presença de lideranças de várias entidades, entre elas o Movimento Brasil Popular, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).
O presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, comentou o sentimento que paira na entidade neste 1º de Maio após quase um ano e meio de governo Lula. “Nós entendemos que o governo federal tem feito avanços – salário mínimo voltou a ser valorizado, temos vários projetos de inclusão sendo encaminhados, por exemplo –, mas a gente ainda precisa avançar na nossa agenda, por isso também a CUT tem convocado uma marcha a Brasília para dia 22 deste mês, em que a nossa pauta será apresentada nas ruas. A gente entende que o governo está recuperando tudo aquilo que foi descontruído após o golpe no Brasil, mas nós seguiremos fazendo cobrança pela nossa pauta.”
O militante Francisco Nonato, do Movimento Brasil Popular, marcou presença no ato na capital federal. Ele disse à reportagem que vê o 1º de Maio deste ano como “uma abertura de possibilidades de agendas” para a classe trabalhadora, especialmente os trabalhadores expostos à uberização, que tem ampliado a precarização no mercado. Outra motivação que nos leva às ruas, ao diálogo é a construção da jornada da classe trabalhadora, que envolve as centrais sindicais, organizações do movimento popular, e justamente com uma pauta comum em defesa da vida, do trabalho, das políticas públicas, dos direitos. Recolocar a agenda de reindustrialização do país também é preciso e necessário.”
Em Curitiba (PR), diferentes organizações se uniram para articular uma programação que envolveu plantio de árvores, distribuição de alimentos, almoço coletivo, ações culturais, feira de economia solidária e outras atividades. O evento foi capitaneado pelo Levante Popular da Juventude em parceria com a Pastoral Operária, o Comitê Popular de Luta, o MST, o movimento Despejo Zero e o projeto Marmitas da Terra.
Também houve mobilização no estado de Goiás, na região Centro-Oeste, por exemplo. Já no Rio Grande do Sul, as ações previstas para comemorar a data foram suspensas por conta das fortes chuvas que caíram no estado nos últimos dias. Ao todo, 10 pessoas morreram e mais de 20 estão desaparecidas. O estado se encontra com mais da metade dos municípios em situação de emergência por conta da calamidade.
Em Fortaleza (CE), por exemplo, houve mobilização em frente ao campus da Universidade Estadual do Ceará (Uece), no bairro do Itaperi, logo pela manhã. Os participantes também saíram em cortejo pelas proximidades, protestando por melhores condições de trabalho para as diferentes categorias profissionais. A valorização do salário mínimo, a rejeição às mudanças trazidas pela reforma trabalhista e também à proposta de reforma administrativa figuram na pauta de reinvindicações dos manifestantes.
No caso desta última, o texto tramita como Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32 e está atualmente na Câmara dos Deputados, onde vem sofrendo pressão para avançar por parte do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), mas ainda sem apoio suficiente para seguir adiante. O presidente da Central Única dos Trabalhadores no Ceará (CUT-CE), Francisco Wil e Silva Pereira, disse ao Brasil de Fato que considera “satisfatório o abraço” que a comunidade participante deu às pautas levadas para a rua nesta quarta.
As entidades reforçaram a pressão para que o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), e o presidente Lula (PT) negociem com os servidores que se encontram em greve. “E nós também não abrimos mão da valorização do salário mínimo, que é tão importante neste país porque beneficia muita gente. Estamos encerrando o nosso 1º de Maio aqui em Fortaleza com a sensação de dever cumprido”, afirma Pereira.
Além dos todos estaduais, um grande ato nacional reuniu lideranças de diferentes centrais sindicais em São Paulo (SP), onde estiveram presentes o presidente Lula (PT), o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e outros nomes.
Edição: Monyse Ravena