O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na tarde desta quarta-feira (1) do ato promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e demais centrais sindicais por conta do Dia do Trabalhador no estacionamento da Neo Química Arena (estádio do Corinthians), em São Paulo (SP). Ao seu lado, estavam lideranças de movimentos populares, ministros e pré-candidatos das eleições de 2024, como o atual deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP).
O discurso do presidente
Por volta das 14h, o presidente iniciou sua fala com a assinatura de dois decretos referentes à tabela de Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) e à recomendação de condições decentes para trabalhadoras e trabalhadores domésticos.
Lula recordou sua promessa de isentar pessoas com renda mensal inferior a R$ 5 mil do pagamento do IRPF . “Estou dizendo para vocês: a palavra continua em pé. A partir de hoje, quem ganha R$ 2.864 paga zero de Imposto de renda, e nós vamos chegar a R$ 5 mil.”
O chefe do Executivo brasileiro aproveitou sua fala para recordar feitos do governo e apaziguar notícias de que haveria uma crise com o Poder Legislativo. “Se vocês acompanharem a imprensa todo dia, dá a impressão de que tem uma guerra entre o Governo e o Congresso Nacional”, disse.
Entre as conquistas destacadas, está a aprovação da reforma tributária com isenção de impostos sobre os itens da cesta básica e o programa Terra da Gente, que pretende reunir terras disponíveis para a reforma agrária para acelerar a distribuição de terras; e o programa Pé-De-Meia, que busca diminuir a evasão escolar através de pagamentos para alunos de escola pública com presença e boas notas no ensino médio.
Ao lado de Lula e citados nominalmente em agradecimento, estavam o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves; a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; o ministro do Esporte, André Fufuca; o ministro do trabalho, Luiz Marinho; e o chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo.
Privatizações e eleições de 2024
Lideranças de movimentos populares que discursaram ao longo do ato aproveitaram o espaço para criticar o avanço da privatização da Sabesp promovido pelo governo do estado e pela prefeitura de São Paulo. “Nossos deputados que estavam contra a privatização levaram gás lacrimogêneo na cara porque estavam defendendo a população”, recordou Ivone Silva, do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
“É um absurdo o que estão fazendo, porque nós sabemos como está nossa energia elétrica”, recordou Silva, em referência aos constantes apagões que atingem o estado de São Paulo recentemente.
Gilmar Mauro, dirigente do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), falou ainda sobre o projeto de terras do governo estadual. "700 mil hectares de terra que foram griladas e agora o governador Tarcísio está entregando aos fazendeiros."
“A gente passa por um processo de liquidação”, reforçou em sua fala José Faggian, presidente do Sintaema. “Esse é o projeto que o governador Tarcísio desenvolve aqui em São Paulo.”
Em meio às críticas a atual gestão estadual e municipal, houve também inúmeras demonstrações de apoio a pré-candidatura de Guilherme Boulos a prefeitura.
Direitos das mulheres
Outra pauta constante nas falas durante o ato foram os direitos das mulheres, reforçados inclusive em fala do presidente Lula. “Toda nossa política ela tem como ação preferencial a mulher, que é quem tem mais responsabilidade para cuidar da família nesse país”, disse em referência às novas iniciativas do governo para facilitar o acesso ao crédito.
O ministro do Trabalho Luiz Marinho relembrou que foi sancionada pelo presidente a Lei da Igualdade Salarial, que estabelecia a obrigatoriedade para empresas com mais de 100 funcionários de relatórios com os salários de seus funcionários. A medida no entanto foi questionada na Justiça por um conjunto empresas.
“A juíza no despacho disse o seguinte: o ministério do trabalho não precisa do relatório, porque tem lei anterior que autoriza a fiscalização. Eu entendi a mensagem. Determinei a área de fiscalização”, disse Marinho.
A população no ato
“Vir aqui é lembrar de todos os direitos que a gente tem. Eles não caíram do céu, são resultado de muita luta”, disse o professor Emílio Carlos. “As grandes transformações e avanços que nós temos aqui no país são provenientes da classe trabalhadora”, reforçou a também professora Elisa Pompeu.
“O ato hoje é um ato que a gente faz todo ano, primeira vez aqui no estado do corinthians, mas é um ato referente ao dia do trabalhador”, resumiu um integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) participante da manifestação. “A bandeira é emprego pra todos, um brasil mais justo.”
Outro manifestante, que recentemente começou a se aproximar do movimento sindical, contou o motivo de escolher participar do ato: “A política não se faz só na questão partidária, a gente tem que estar na rua fazendo trabalho de base”.
Edição: Monyse Ravena